Finanças

Brasileiros deixam de pagar aluguel por conta de apostas e jogos de azar online, mostra pesquisa

Um em cada dez admite ter passado por isso, mas grupo maior diz que já viu outra pessoa atrasar pagamentos

Agência O Globo - 22/10/2025
Brasileiros deixam de pagar aluguel por conta de apostas e jogos de azar online, mostra pesquisa
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Apostas e jogos de azar online estão levando basileiros a deixarem de pagar aluguel no Brasil, segundo pesquisa inédita feita pela Loft, em parceria com a Offerwise, no último mês. Entre 1.300 inquilinos ouvidos, 13% afirmaram já terem atrasado ou deixado de pagar o aluguel diretamente por causa de apostas. E 31% contaram que passaram ou conhecem alguém que passou por isso.

13º salário:

Confira:

— Incluímos na pesquisa tanto a pergunta objetiva se a pessoa atrasou o aluguel quanto se ela conhece alguém que tenha atrasado para deixar o respondente mais confortável em mencionar o problema, sem necessariamente assumir que ele esteja passando por essa situação, que pode ser vista como vulnerável — explica Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.

Entre os entrevistados do Estado do Rio, 10% disseram já ter deixado de pagar o aluguel diretamente por causa das apostas, e outros 10% chegaram a atrasar o pagamento, mas conseguiram regularizar a dívida depois. Quando a pergunta incluiu conhecer pessoas nessa situação, 36% responderam "sim".

— A inadimplência voltou a ser uma das maiores dores das famílias e do setor imobiliário, e o avanço das apostas online adiciona um novo vetor de risco a essa equação”, afirma Takahashi: — Quando parte da renda é comprometida com os jogos, aumenta a chance de que compromissos essenciais, como o aluguel, fiquem em segundo plano. No Rio, esse efeito é mais visível.

Outros 13% dos brasileiros entrevistados, mesmo sem atrasos, relataram dificuldade para pagar o aluguel em algum momento por conta dos jogos. No Estado do Rio, 10%.

Jovens são mais vulneráveis

Em todo o país, a proporção de afetados se repete em todos os recortes de gênero e escolaridade, mas dentro das faixas etárias há diferença estatisticamente relevante. Entre os mais jovens, de 18 a 24 anos, o índice chega a 36%, caindo para 27% entre pessoas de 35 a 44 anos e 24% acima dos 45 anos.

— O impacto das apostas é transversal, aparece em todas as classes e perfis, afetando algo tão essencial quanto a moradia — afirma Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft: — Mas os jovens são claramente os mais vulneráveis.

O levantamento mostrou ainda que 57% dos inquilinos apostadores começaram a jogar há menos de 1 ano e apenas 27% começaram há mais de um ano e meio. Mais de um terço (37%) dos entrevistados gastam até R$ 50 mensais com os jogos, mas 18% despendem mais de R$ 300. Vinte por cento dos apostadores afirmam que perderam até R$ 50 nos últimos 12 meses, mas 21% afirmam que a perda ficou acima dos R$ 500. Somente 9% disseram que não perderam dinheiro.