Finanças

Análise do Orçamento volta a ser adiada a pedido do governo

Presidente da CMO diz que não há data para uma nova sessão de análise do texto

Agência O Globo - 20/10/2025
Análise do Orçamento volta a ser adiada a pedido do governo
O presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), o senador Efraim Filho (União-PB) - Foto: Reprodução / Agência Senado

O presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), o senador Efraim Filho (União-PB), informou o adiamento da sessão que analisaria o relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. O texto seria analisado nesta terça-feira, mas, segundo Efraim, não há previsão para uma nova sessão. De acordo com ele, o adiamento se deu por um pedido de lideranças governistas, já que não há definições sobre aumento de impostos e cortes de gastos.

— O governo segue sem querer pensar no corte de gastos, mesmo após a derrota da Medida Provisória (MP) alternativa ao IOF. Só pensam em arrecadação. Ficaram de nos mandar alternativas, mas ainda não há data estipulada para isso — afirmou.

Na semana passada, a CMO já havia adiado a votação do relatório a pedido do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP). O novo adiamento ocorre em meio a um dos pontos de maior tensão entre o governo e o Congresso: a tentativa do Planalto de barrar o calendário de pagamento antecipado das emendas parlamentares, incluído no relatório da LDO pelo deputado Gervásio Maia (PSB-PB).

O dispositivo obriga o pagamento das emendas individuais e de bancada até três meses antes das eleições, ampliando o poder político dos parlamentares e prefeitos aliados.

A medida determina que verbas destinadas à saúde, à assistência social e às transferências especiais — as chamadas “emendas Pix” — sejam quitadas até junho de 2026, o que garantiria previsibilidade aos municípios, mas reduz a margem de manobra fiscal do governo e enfraquece o poder de articulação política do Planalto.

Integrantes do Congresso dizem que o formato facilita o planejamento local e reduz o risco de obras paradas. Já no Planalto, a avaliação é que o calendário tem caráter eleitoral e compromete a execução orçamentária. O governo tenta convencer os líderes partidários a retirar ou suavizar o trecho durante a votação em plenário.