Finanças

Com a classe média no alvo, novo crédito imobiliário deve impulsionar lançamentos no mercado

Tamanho do impacto positivo no setor imobiliário vai depender da adesão dos bancos ao financiamento com taxa de juros até 12%

Agência O Globo - 11/10/2025

A classe média será a principal beneficiada pelo com recursos da poupança, anunciado na sexta-feira pelo governo, avalia Renato Correia, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Já no próximo ano, diz ele, cerca de R$ 37 bilhões chegarão ao mercado. E isso poderá impulsionar lançamentos de empreendimentos.

Crédito imobiliário:

Novo modelo:

Entre as principais mudanças estão a elevação do limite máximo para financiar um imóvel dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão, patamar atual e fixado em 2018, para até R$ 2,25 milhões. A taxa de juros praticada nesses empréstimos não poderá ultrapassar 12% ao ano.

— Se calcularmos os 5% que deixam de entrar no depósito compulsório no Banco Central, são cerca de R$ 37 bilhões que já serão jogados no mercado. A vantagem é a disponibilidade desse financiamento, e cada banco vai definir como usar — destaca ele. — Mas para quem compra, o aumento do limite do financiamento para R$ 2,25 milhões e ter uma taxa de juro abaixo da média de mercado hoje, vai facilitar. Há tendência de vermos mais projetos (no mercado imobiliário).

Novo modelo:

Ele explica que a classe média — que vinha pressionada com menos opções de financiamento e principalmente pelo teto de valor do imóvel de R$ 1,5 milhão — será a maior beneficiada pela mudança, o que puxará lançamentos no mercado.

— Quem ganha até R$ 12 mil está contemplado pelo Minha Casa, Minha Vida, em apartamentos até R$ 500 mil. Mas quem ganha acima disso tem dificuldade de comprar, tanto pela falta de recursos quanto pelo juro cobrado, em média de perto de 14%.

Cautela para não priorizar alta renda

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE, destaca que haverá uma expansão na oferta de crédito porque a , maior agente financiador do setor no país, já anunciou que voltará a financiar 80% dos imóveis residenciais.

Juros mais baixos:

— Agora é ver se, na melhor das hipóteses, os demais bancos vão aderir. Eles não parecem satisfeitos com a limitação dos juros em 12% ao ano num momento de crédito muito caro. Mesmo com a poupança viabilizando a taxa mais em conta, os bancos acham que a conta não fecha — alerta a especialista.

Ela pondera que serão liberados mais recursos, porém, com mecanismos para contemplar quem busca imóveis com preços abaixo de R$ 1 milhão:

— Foram criados estímulos para financiar mais os imóveis com valores abaixo de R$ 1 milhão, para não correr o risco de direcionar recursos para as faixas mais altas de renda.

Reação:

Para a XP, o novo modelo de crédito imobiliário, somado à ampliação do Minha Casa, Minha Vida, pode adicionar 0,1 ponto percentual no crescimento do PIB em 2026. A estimativa da casa é que, em todo ano que vem, a economia brasileira cresça 1,7%.

A nova modelagem também é vista como "avanço importante" para ampliar acesso de famílias de classe média a imóveis pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

"É um passo importante para ampliarmos a relação crédito imobiliário/PIB no Brasil, que atualmente está em 10%, muito abaixo dos cerca de 50% observados em países desenvolvidos", diz a entidade em nota.