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Apoio a Júlio Casares desmorona e conselheiros do São Paulo articulam afastamento

Dissidência interna e escândalos recentes enfraquecem presidente, que pode ser afastado após movimento de conselheiros.

23/12/2025
Apoio a Júlio Casares desmorona e conselheiros do São Paulo articulam afastamento
Júlio Casares - Foto: Reprodução / Instagram

O presidente do São Paulo, Júlio Casares, enfrenta crescente isolamento político dentro do clube. Após a oposição formalizar um pedido de afastamento, conselheiros que antes integravam sua base de apoio passaram a se unir ao movimento, preparando também uma ação pelo seu desligamento.

Segundo apuração do Estadão, no final da tarde desta terça-feira, membros do Conselho Deliberativo que apoiavam Casares tornaram-se dissidentes e assinaram documento pelo afastamento do presidente.

O grupo já reúne ao menos 80 conselheiros favoráveis à saída de Casares. A oposição, por sua vez, havia coletado 58 assinaturas em um primeiro pedido de afastamento.

Entre os dissidentes estão nomes de peso, como Carlos Belmonte, ex-diretor de futebol e potencial candidato à presidência em 2026, e Vinicius Pinotti, ex-diretor-executivo e também possível postulante ao cargo. O documento da oposição conta com assinaturas do grupo Legião, do qual Belmonte faz parte.

Pinotti rompeu com a gestão após a divulgação de investigações da Polícia Civil sobre supostos desvios em vendas de atletas. Ambos podem disputar a presidência do clube na próxima eleição.

Para que o impeachment avance, o presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres, precisa convocar uma reunião extraordinária em até 30 dias após receber os pedidos formais. Antes, o Conselho Consultivo, composto por ex-presidentes do clube e do Conselho, precisa validar a pauta.

Se o impeachment for levado à votação, será necessário o apoio de dois terços do Conselho Deliberativo (171 dos 255 votos) para afastar provisoriamente Casares. Em seguida, uma Assembleia Geral de sócios, convocada em até 30 dias, deve ratificar a decisão por maioria simples.

Caso Casares seja destituído, o vice-presidente Harry Massis Junior assume o comando até a eleição de 2026. No São Paulo, a escolha do presidente é indireta, feita pelos conselheiros.

Entenda a crise política no São Paulo

O clube vive situação financeira delicada e a coalizão que sustentava Casares foi abalada, especialmente após a saída de Carlos Belmonte. Apesar disso, Belmonte chegou a aprovar o orçamento da gestão para 2026 antes de romper com o presidente.

O cenário se agravou após o vazamento de um áudio que expôs um esquema clandestino de comercialização de camarote no MorumBis durante shows. Mara Casares e Douglas Schawrtzmann, diretores flagrados na gravação, se afastaram dos cargos. O Ministério Público de São Paulo pediu abertura de inquérito, enquanto o clube instaurou sindicâncias interna e externa para apurar os fatos.

Simultaneamente, a Polícia Civil investiga diretores por supostos desvios de verbas em negociações de atletas.

Esses escândalos aumentaram a tensão interna, fortaleceram a oposição e abriram caminho para o pedido de afastamento de Casares, mirando a eleição de 2026.