Esportes

Tempestades solares expõem fragilidade das megaconstelações e ampliam risco de colisões, diz estudo

Pesquisadores alertam para vulnerabilidade crescente das megaconstelações de satélites diante de eventos solares extremos, que podem desencadear colisões e ameaçar o futuro do acesso ao espaço.

Sputnik Brasil 17/12/2025
Tempestades solares expõem fragilidade das megaconstelações e ampliam risco de colisões, diz estudo
Tempestades solares ameaçam megaconstelações e elevam risco de colisões em órbita baixa, aponta estudo. - Foto: © Foto / Estúdio de Visualização Científica da NASA

O aumento da densidade de satélites em órbita baixa tem tornado o ambiente espacial cada vez mais vulnerável, com aproximações perigosas acontecendo a cada segundo e tempestades solares capazes de provocar colisões catastróficas em poucos dias, segundo estudo recente.

A pesquisadora Sarah Thiele, em artigo publicado recentemente, comparou o atual cenário das megaconstelações de satélites a um "castelo de cartas". De acordo com o estudo, a elevada concentração de objetos em órbita baixa cria um ambiente de risco, no qual aproximações perigosas entre satélites ocorrem de forma alarmante — uma a cada 22 segundos considerando todas as constelações, e uma a cada 11 minutos apenas na Starlink.

Cada satélite da Starlink, por exemplo, precisa realizar em média 41 manobras anuais para evitar colisões. Apesar desse sistema de prevenção, os autores alertam que falhas tendem a ocorrer em situações extremas, especialmente durante tempestades solares. Esses eventos aquecem a atmosfera, aumentam o arrasto e reduzem a precisão das posições orbitais, exigindo mais combustível e manobras evasivas.

A tempestade de Gannon, em 2024, evidenciou esse risco: mais da metade dos satélites em órbita baixa precisou gastar combustível para se reposicionar. Tempestades solares intensas ainda podem danificar sistemas de navegação e comunicação, impedindo manobras justamente quando o arrasto atmosférico cresce. Esse cenário pode levar a uma catástrofe imediata, com potencial para desencadear a síndrome de Kessler — a formação de uma nuvem de detritos que inviabilizaria lançamentos espaciais por décadas.

Para mensurar o risco, os pesquisadores criaram a métrica CRASH, que estima o tempo até uma colisão catastrófica caso os operadores percam a capacidade de enviar comandos. Em 2025, esse tempo seria de apenas 2,8 dias, contra 121 dias em 2018. Mesmo uma perda de controle de 24 horas já representa 30% de chance de uma colisão grave capaz de iniciar o processo de Kessler.

O problema é agravado pelo curto aviso prévio das tempestades solares — geralmente um ou dois dias — e pelas poucas alternativas disponíveis além de tentar proteger os satélites. Com o ambiente atmosférico altamente dinâmico, o controle em tempo real torna-se indispensável; se ele falhar, todo o sistema pode colapsar em questão de dias.

Eventos extremos não são mera hipótese: o Evento Carrington de 1859, muito mais intenso que a tempestade de 2024, teria hoje o potencial de nos deixar sem controle dos satélites por mais de três dias, tempo suficiente para desencadear um desastre orbital. Um único evento dessa magnitude poderia destruir grande parte da infraestrutura espacial e limitar o acesso ao espaço por gerações.

Diante desse cenário, os autores recomendam uma avaliação realista dos riscos ligados às megaconstelações. Embora tragam avanços tecnológicos importantes, essas estruturas também aumentam a fragilidade do ambiente orbital e o risco real de perda de acesso ao espaço diante de tempestades solares intensas.