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Astrônomos identificam estrela companheira que pode explicar poeira em sistema a 70 anos-luz

Descoberta de estrela secundária em Kappa Tucanae A pode elucidar presença de poeira quente e impactar busca por exoplanetas.

03/12/2025
Astrônomos identificam estrela companheira que pode explicar poeira em sistema a 70 anos-luz
Representação artística do sistema Kappa Tucanae A, onde estrela companheira pode explicar poeira quente. - Foto: © ESO/L. Calçada

A intrigante presença de poeira extremamente quente ao redor da estrela Kappa Tucanae A, localizada a cerca de 70 anos-luz da Terra, desafia explicações tradicionais há anos. Essas partículas, que chegam a temperaturas superiores a 538 °C, deveriam evaporar ou ser dispersas pela intensa radiação estelar, mas permanecem no sistema.

Agora, pesquisadores da Universidade do Arizona afirmam ter encontrado uma possível resposta: a identificação de uma estrela companheira que cruza exatamente a região onde essa poeira persiste.

"Se vemos poeira em tais quantidades, ela precisa ser reposta rapidamente ou deve existir algum mecanismo que prolongue sua vida", explicou Thomas Stuber, líder do estudo e pesquisador do Observatório Steward.

A descoberta, publicada no Astronomical Journal, representa o maior contraste já obtido pelo instrumento MATISSE, do Observatório Europeu do Sul. Segundo os cientistas, a presença dessa estrela secundária pode finalmente ajudar a explicar a origem da chamada poeira exozodiacal quente, um fenômeno que dificulta a identificação de planetas semelhantes à Terra.

Esse material cria "vazamentos coronográficos", que podem mascarar sinais de mundos habitáveis — um desafio importante para missões futuras, como o Habitable Worlds Observatory, previsto para a década de 2040.

As observações, realizadas entre 2022 e 2024 com técnicas de interferometria, revelaram que a companheira de Kappa Tucanae A segue uma órbita altamente excêntrica, aproximando-se até 0,3 unidade astronômica da estrela principal e cruzando repetidamente a região rica em poeira.

"É praticamente impossível que essa companheira não esteja ligada à produção dessa poeira", afirmou Steve Ertel, coautor do estudo.

Com isso, o sistema deixa de ser apenas um enigma astronômico para se tornar um verdadeiro laboratório natural para o estudo de poeira exozodiacal.

O trabalho também ressalta a tradição do Observatório Steward em pesquisas de interferometria e poeira exozodiacal. O Large Binocular Telescope Interferometer (LBTI) foi fundamental para estudos anteriores e contribuiu para a formação de especialistas que hoje desenvolvem instrumentos ainda mais sensíveis na Europa.

Steve Ertel, que conta com financiamento da NASA para avançar nessas investigações, destaca que o Observatório Steward se consolidou como referência global nesse campo, essencial para a obtenção de imagens de exoplanetas semelhantes à Terra.

Por Sputinik Brasil