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Leão e Oswaldo de Oliveira desabafam contra técnicos estrangeiros no Brasil na frente de Ancelotti

Episódio ocorreu durante evento da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, na sede da CBF

Agência O Globo - 04/11/2025
Leão e Oswaldo de Oliveira desabafam contra técnicos estrangeiros no Brasil na frente de Ancelotti
Carlo Ancelotti - Foto: Reprodução / Instagram

Carlo Ancelotti prestigiou o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, realizado nesta terça-feira, na sede da CBF. O comandante da seleção brasileira foi homenageado pela organização com uma placa. Mas, em cima do palco ao lado de técnicos em atividade e já aposentados, protagonizou um episódio que repercutiu negativamente. Na sua frente, Emerson Leão fez um desabafo contra o que chamou de "invasão" de profissionais estrangeiros no país.

Campeão do mundo em 1970 pela seleção como jogador e brasileiro como técnico por Sport (1987) e Santos (2002), Leão disse que não gosta de treinadores estrangeiros "no meu país". Em seguida, ele faz um mea culpa e afirma que os próprios técnicos nacionais são responsáveis por este cenário.

- Eu sempre disse que não gosto de treinadores estrangeiros no meu país, e isso serve para o Mancini, que é o presidente (da Federação Brasileira de Treinadores). Estou falando aqui na frente da nossa casa. Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinadores (estrangeiros). Você sabe que eu já falei isso, né, Zé (Mário, ex-jogador e ex-treinador presente no evento)? Você sabe que eu já falei isso e não minto. Não mudo a minha opinião. Mas tenho que ser inteligente o suficiente pra dizer que isso tudo tem um culpado. Nós. Nós, treinadores, somos culpados da invasão de outros treinadores que não têm nada a ver com isso. Não estamos falando de nome, não estamos falando de nacionalidade. Estamos falando de erro nosso - desabafou Leão, para em seguida, de forma confusa, dizer que "mudou de ideia neste exato momento":

- Eu já parei. Eu não sou mais treinador, não sou mais atleta. Mas continuo dando a minha colaboração quando solicitado. Portanto, mudei de ideia neste exato momento. Quero falar a você, Vagner. Já fui presidente de sindicato, de tudo. Vagner, pode contar comigo com toda a colaboração que você precisar de um treinador antigo para passar algumas coisas para o jovem. Tem o Zé Mário também, que é meu companheiro. Eu vejo vários companheiros aqui. E muitos novos que eu não conheço. Inclusive, ex-jogadores que trabalharam comigo que eu não reconheço.

Ao longo de todo o discurso, Leão não se dirige a Ancelotti. Apenas no fim de sua fala é que, sem sequer citar seu nome, ele o deseja boa sorte.

- Vagner, você tem tudo para se tornar uma pessoa muito, muito importante para nós brasileiros. Então, boa sorte no seu futuro. (Leão se vira para Ancelotti) Boa sorte para você também.

Também chamado a discursar no palco, Oswaldo de Oliveira retomou o tema levantado por Leão. Embora não tenha se preocupado em soar preconceituoso, o técnico campeão brasileiro (1999) e do mundo (2000) com o Corinthians procurou ser mais gentil com Ancelotti e lembrou de um episódio em que dividiu um ônibus com ele.

- Como o Leão falou, eu também sou favorável à presença dos treinadores brasileiros tanto no clubes quanto na seleção. Mas confesso a vocês que "não tem jeito", se tivesse que ser, torci para ser esse senhor. "Não tem jeito". Então que seja o Carlo Ancelotti. Pelo jogador que foi e pelo treinador que é. Ganhador de títulos e um cara que trabalhou com todos os jogadores brasileiros na Europa. E tem um fato, Carlo, que aconteceu em 2007, no Japão. Milan contra Boca Juniors na final do Mundial. Eu fui com o meu auxiliar assistir a este jogo no Japão. Sentei para esperar o ônibus que ia nos levar ao estádio, onde fui campeão três vezes, e daqui a pouco entrou o pessoal da delegação. Carlo Ancelotti sentou ao meu lado. Ele não lembra disso, claro. Não falamos nada, mas foi uma vez em que estivemos juntos no Japão. E vi Kaká, Cafú, aquela turma boa para caramba...

Ao encerrar sua fala, Oswaldo desejou a volta de um brasileiro ao comando da seleção depois da próxima Copa. O detalhe é que, embora o contrato de Ancelotti termine após o Mundial, existe um desejo inicial por renovação do vínculo para o ciclo de 2030.

- Estou muito feliz hoje de ver todos aqui. E com uma expectativa muito otimista do que pode acontecer aos rumos e pretensões da Federação Brasileira de Treinadores. Tomara, inshalá, nós cheguemos a ter novamente os treinadores brasileiros brilhando, dirigindo os clubes e quando, claro, o Ancelotti for embora depois de ser campeão no ano que vem, que volte um brasileiro para a seleção.