Esportes

Júlio Baptista aponta discriminação contra treinadores negros na Europa

Ex-jogador do São Paulo e Roma relata dificuldades para ingressar como técnico e critica falta de oportunidades nas principais ligas europeias

01/11/2025
Júlio Baptista aponta discriminação contra treinadores negros na Europa

Reconhecido por sua trajetória em clubes como São Paulo, Roma e Sevilla, Júlio Baptista agora busca espaço como treinador e sonha comandar um grande clube europeu. No entanto, além da forte concorrência, o ex-atleta de 44 anos identifica a cor de sua pele como um obstáculo adicional para alcançar esse objetivo.

"Não sei se é racismo. Mas é um fato. Quantos treinadores negros você vê nas cinco principais ligas da Europa? Eu não vejo muitos. Gostaria de pensar que é apenas uma coincidência, mas infelizmente acho que não. Há menos oportunidades", afirmou Baptista em entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport.

Nos últimos anos, o ex-jogador se dedicou aos estudos em Madri, onde reside com a família, em busca de uma chance como técnico. Recentemente, recusou uma proposta para comandar a equipe sub-19 do Real Madrid, clube pelo qual atuou na era dos "galácticos", apostando em voos mais altos no futebol profissional e na possibilidade de abrir portas para outros treinadores negros.

"Eu gostaria de ser treinador, mas nós, negros, somos penalizados", declarou ao veículo italiano. "Espero ser eu quem vai reverter essa tendência. Nunca diga nunca", acrescentou Baptista, que está sem clube desde que deixou as categorias de base do Real Valladolid, no ano passado.

Em entrevista ao Estadão em maio deste ano, Júlio Baptista revelou estar aberto a oportunidades em mercados secundários para ganhar experiência, após tentativas frustradas de inserção no futebol europeu.

"Quando saímos do Valladolid, acabei não abrindo para o mercado exterior, nem para o Brasil. Queria continuar aqui porque acredito que o potencial das ligas locais é um pouco superior. E, sobretudo, teria mais importância se eu começasse daqui. Mas, às vezes, as coisas não acontecem como queremos, né? O que estamos fazendo hoje é ampliar esse mercado e abrir um pouco mais", explicou.