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Análise: entre ausência de Paquetá e aposta em Neymar, Diniz indica distanciamento de ideias de Tite

Técnico prioriza atletas de fora do Brasil capazes de implementar em pouco tempo o seu estilo: 'Vou procurar um jogo com estética, beleza, que tem a ver com nossas raízes e nossa maneira de jogar futebol'

Agência O Globo - GLOBO 18/08/2023
Análise: entre ausência de Paquetá e aposta em Neymar, Diniz indica distanciamento de ideias de Tite
Fernando Diniz - Foto: Reprodução

A primeira convocação de Fernando Diniz teve uma lista impactada pela renovação da aposta em Neymar para mais um ciclo de Copa do Mundo, após queda no Catar e incertezas do craque sobre o futuro, e a ausência de Lucas Paquetá, que virou alvo de investigações na Inglaterra por envolvimento em apostas esportivas. Mas o interino procurou, com equilíbrio, se afastar das ideias de Tite.

Sem citar o antecessor, Diniz deixou claro, com a presença de 12 remanescentes da Copa, que procura uma transição, mas que vai imprimir a sua cara. Tanto que chamou sete atletas com quem já trabalhou em clubes, e dois estreantes do total de 24 nomes. Do Brasil, apenas quatro, dois deles do Fluminense. A lista primou por atletas com qualidade técnica e capacidade de executar as ideias do novo técnico em pouco tempo. O Brasil encara Peru e Bolívia pelas Eliminatórias, dias 8 e 12 de setembro.

- Vou tentar colocar as ideias de maneira clara, uma de cada vez, paulatinamente o time vai entender. A qualidade técnica é excepcional. Os jogadores tem o hábito de jogar em seus clubes de maneira posicional, um pouco diferente do que eu gosto que faça, mas acredito que vão se adaptar aos poucos - afirmou Diniz, deixando claro que a postura tática usada por Tite não será priorizada.

O técnico evocou os preceitos do Dinizismo ao sintetizar como vai escalar o Brasil.

- O objetivo é ser uma equipe competitiva e com características importantes, competitividade, solidariedade, criatividade, isso vai estar o tempo todo presente - afirmou.

Para isso, houve uma conversa com Neymar, que mais uma vez é o protagonista da seleção. Diniz disse que o jogador se mostrou disposto a escrever o capítulo mais bonito de sua história. Aos 31 anos, chegaria na próxima Copa do Mundo com quase 35, após se transferir para o Al-Hilal. O futebol da Arábia Saudita também ganhou a tenção na convocação, com a presença do zagueiro Ibañez. Mas a palavra que define a avaliação do técnico sobre a liga saudita é incógnita.

- Quando a gente não sabe o que vai acontecer gera um pouco de preocupação. Espero que a liga seja competitiva. Não é só levar os jogadores. Que eles consigam fazer o seu melhor lá para serem convocados - afirmou, citando Neymar.

- A gente não sabe o que vai ser do campeonato da Arábia. O mais importante é que ele está com muita vontade de escrever essas páginas bonitas que faltam como jogador. E isso vai superar qualquer obstáculo, eventualmente se tiver uma diferença competitiva. Querendo e estando animado, vai nos ajudar muito nesse ciclo - projetou o técnico, que disse não saber se estará na Copa de 2026.

O começo de trabalho de Diniz será mesmo no campo diante das inúmeras incertezas. Por conta delas, o técnico se escorou no que entende ser o melhor para desenvolver o seu jogo. Nomes como Renan Lodi, André, Nino, Bruno Guimarães, Ibañez, Antony, e Caio Henrique serão responsáveis por propagar o DNA do treinador para os demais comandados.

- Vou procurar fazer um jogo com estética, beleza, que tem a ver com nossas raízes e nossa maneira de jogar futebol - finalizou o ainda interino.