Economia
Mídia internacional aponta cunho político e 'tom marcadamente diferente' nas tarifas ao Brasil
A notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto repercutiu também na mídia internacional nesta quarta-feira (9).
O The Wall Street Journal focou no fato de que o governo Trump está envolvido em uma disputa com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as medidas tomadas por Alexandre de Moraes para reprimir os discurso de ódio da extrema direita brasileira, tanto no País quanto nos EUA - bem como o apoio do republicano ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na avaliação da Reuters, a ordem para que o escritório do Representante de Comércio dos EUA abrisse uma investigação de práticas comerciais desleais sobre as políticas do Brasil, de acordo com a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, pode levar a novas tarifas sobre as exportações brasileiras.
Já a Bloomberg foca nos impactos dos ativos nacionais, com o real caindo quase 3% em relação ao dólar após o anúncio, enquanto o MSCI Brazil ETF - o maior fundo negociado em bolsa listado nos EUA que acompanha as ações do país - caiu quase 2% no pós-mercado.
A rápida escalada da disputa tem potencial para grandes repercussões econômicas e políticas, especialmente em solo brasileiro, aponta o The New York Times, afirmando que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China, e Trump parece estar exigindo o fim da acusação de Bolsonaro para suspender as tarifas elevadas.
O Financial Times ressalta que, enquanto outros países receberam cartas quase idênticas que se referiam à força e ao compromisso da relação comercial com os EUA, o texto para a nação mais populosa da América Latina tinha um "tom marcadamente diferente".
O governo norte-americano registrou um superávit comercial de mercadorias de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024, ressalta o veículo britânico, exemplificando que a justificativa de déficit do presidente americano não faz sentido.
"A intervenção em favor de Bolsonaro animará o movimento de extrema direita do Brasil, que alega que a repressão judicial contra a desinformação digital visa injustamente os conservadores", adiciona o FT.
O francês Le Monde lembrou que, na segunda-feira, 7, Trump ameaçou impor tarifas alfandegárias adicionais a "qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics", bloco que atualmente é presidido pelo Brasil. Em uma cúpula no Rio de Janeiro no domingo, 6, o Brics criticou a guerra comercial travada pelo inquilino da Casa Branca com sobretaxas alfandegárias.
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