Economia
Entenda a crise econômica argentina em cinco pontos
País enfrenta décadas de desordem política e crises cambiais
O próximo presidente da Argentina assumirá o poder em meio a uma emergência financeira – o que é normal numa das economias mais disfuncionais do mundo. Os eleitores irão às urnas neste domingo, dia 22 , com o país em recessão pela sexta vez em uma década e com a inflação de mais de 130% ao ano.
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É improvável que haja uma solução rápida porque os atuais problemas econômicos da Argentina têm suas raízes em décadas de má gestão. Os governos ziguezagueiam entre políticas, incapazes de seguir uma abordagem consistente, e a maioria dos investidores fugiu.
O resultado é que o país – outrora um dos mais ricos da região – tem uma economia que parece cada vez mais única, e não no bom sentido.
— A Argentina é uma exceção e já é há muito tempo. E os passos iniciais para colocar a economia de volta nos trilhos serão dolorosos — diz Martin Castellano, chefe de pesquisa para a América Latina no Instituto de Finanças Internacionais.
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Com as reservas do Banco Central no vermelho e o peso sobrevalorizado às taxas de câmbio oficiais, quem quer que ganhe as eleições provavelmente presidirá durante uma desvalorização da moeda enquanto tenta reformar as finanças públicas.
- É um ajuste inevitável que resultará em outra recessão no próximo ano - avalia Castellano.
Entenda em cinco pontos os problemas profundos e distintos em que se encontra a terceira maior economia da América Latina:
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1- 'Campeã' da recessão
A Argentina tem uma longa história de oscilações econômicas drásticas, resultado de políticas fracas e inconsistentes que se destacam mesmo numa vizinhança volátil. Um estudo de 2018 do Banco Mundial concluiu que, entre 1950 e 2016, o país passou cerca de um terço do tempo em recessão, mais que qualquer nação do mundo, exceto a República Democrática do Congo.
A economia deverá contrair novamente este ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional e também com analistas consultados pela Bloomberg.
2- Perda da batalha contra a inflação
Vários países latino-americanos sofreram episódios de inflação elevada ou mesmo hiperinflação durante a década de 1980 e início da década de 1990. A maioria deles conseguiu controlar as pressões sobre os preços – adotando regimes de metas de inflação, permitindo a flutuação das suas moedas e desenvolvendo mercados de dívida em moeda local.
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Mas não na Argentina. Após o fim da paridade cambial em 2002, o Banco Central do país tem financiado cada vez mais o déficit do governo através da impressão de dinheiro. Como resultado, a taxa de inflação anual atingiu o máximo de três décadas de 138,3% em setembro, e se espera que ultrapasse os 180% até o fim do ano.
3- Falta crédito
Na maioria dos países, o fluxo de crédito bancário para as famílias e as empresas é crucial para alimentar o crescimento econômico. Mas, na Argentina, anos de taxas de juro elevadas e de inflação têm sido uma barreira tanto para credores como para devedores.
Além disso, os bancos privados emprestam principalmente ao governo, deixando muito pouco para indivíduos e empresas. O resultado é que a Argentina tem um dos níveis mais baixos de crédito às famílias do mundo, de acordo com dados do Banco de Compensações Internacionais.
Da mesma forma, os empréstimos às empresas representam apenas uma fração dos níveis observados nos vizinhos Brasil e Chile.
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4 - Peso afundando
O peso argentino perdeu quase 100% do seu valor nominal nas últimas duas décadas e, mais uma vez este ano, registrou um dos piores resultados entre as principais economias emergentes.
— Eles perderam a oportunidade de mudar para um regime cambial flexível e isso nunca foi feito de forma adequada — afirma Castellano, do Instituto de Finanças Internacionais..
5- Sem capital estrangeiro
No meio de toda a volatilidade, não é de admirar que a Argentina tenha ficado atrás dos seus pares na atração de dinheiro global. O investimento direto estrangeiro nos últimos anos tem sido muito inferior ao do Brasil ou do México, as duas únicas economias latino-americanas maiores que a argentina.
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A Argentina tem um grande mercado interno, mas as empresas estrangeiras que procuram aproveitá-lo enfrentam riscos, incluindo a nacionalização ou a incapacidade de enviar os seus lucros para a sede.
Importadores e exportadores também enfrentam dificuldades para vender os seus produtos devido a um sistema bizantino de controle de capitais. Quanto aos fundos de curto prazo, o país registrou um aumento de fluxos sob o governo favorável ao mercado de Mauricio Macri entre 2015 e 2019 – mas a maior parte do dinheiro fugiu novamente quando Macri presidiu durante outro colapso econômico.
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