Economia
De filé mignon a picanha, preços de carne caem até 15%. Entenda
Queda em 12 meses é impulsionada pela maior oferta de gado para o abate, redução das exportações para a China e queda no custo da ração
As carnes bovinas estão mais baratas, aponta o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação oficial no país. Elas tiveram queda de 9,8% nos últimos 12 meses encerrados em agosto, e, dependendo do corte, o recuo foi ainda maior. O filé-mignon, por exemplo, teve redução de 15,09% no preço no período. Entre as razões para esse movimento estão o maior abate de gado, o menor custo da ração e a diminuição das exportações para a China.
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Além do filé-mignon, outros cortes considerados nobres também tiveram redução significativa nos últimos 12 meses. São eles: alcatra (-12,83%), capa de filé (-12,66%), costela (-11,07%) e picanha (-6,04%).
De acordo com especialistas, neste momento, há uma maior oferta de animais para o abate. Além disso, o Brasil teve um queda no preço do milho devido à boa safra no ano. O grão é utilizado nas rações, o que estimula os pecuaristas a confinarem mais animais.
Redução das exportações
O menor apetite chinês pelo gado brasileiro também contribuiu para o alívio no preço. Desde 2019, a China passou a ter uma participação maior nas exportações de carne bovina brasileira, após viver um surto de peste suína africana. Hoje, é responsável por cerca de 60% das exportações de carne bovina do Brasil, de acordo com a Secretária de Comércio Exterior.
Analista de commodities agrícolas Levante Inside Corp, Geraldo Isoldi, diz que na comparação entre janeiro e agosto de 2022 e de 2023, as importações de carne bovina pela China caíram cerca de 8%. Com a menor demanda dos chineses, sobra mais carne para o mercado interno, o que ajuda na redução de preço.
— A China, do ano passado para cá, tem comprado quase 8% menos (carne bovina brasileira). Considerando o volume financeiro exportado, há uma diferença de 32% — diz Isoldi.
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Mesmo com oferta maior de carne bovina no mercado doméstico, o consumo pelos brasileiros ainda está fraco, segundo Isoldi. Para economizar, diz, as pessoas têm optado pelo frango, que ainda é mais barato.
— No começo da pandemia, até tivemos alguns auxílios que estimularam o mercado doméstico, mas que acabaram perderam efeito. Como a carne frango caiu ainda mais, a carne bovina acaba sofrendo mais concorrência da carne de frango. A lógica é: com o dinheiro que eu compro carne bovina, posso comprar muito mais frango — explica.
Preço deve aumentar
Para os próximos meses, o analista prevê uma redução gradual da oferta. Além disso, a demanda deve aumentar, impulsionada pelo pagamento do 13º salário e as festas de fim de ano. Esses fatores vão contribuir para o aumento do preço da carne.
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Isoldi cita também o trajeto da produção, que vai desde o pasto até gôndola e sofre influência de outros fatores, como a alta dos combustíveis. Para ele, o consumidor final já deve ver preços mais altos do que os atuais ao fim de 2023.
— Nesse caminho do pasto até a gôndola, vai se agregando algumas variáveis de custo. É combustível do transporte, funcionário, custo de transformação. Embora a matéria-prima tenha caído muito, o valor da carne não consegue seguir na mesma proporção, pois há inflação de outras variáveis — explica.
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