Contrariando o senso comum que associa crédito consignado a aposentados, a maioria dos consumidores brasileiros que contratam o empréstimo com desconto em folha, na realidade, é formada por quem ainda está no mercado, e põe o salário como garantia. A conclusão é de um levantamento feito pelo Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGVcef), em parceria com a Toluna Insights.

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A pesquisa ouviu 808 consumidores que contrataram a modalidade de crédito nos últimos dois anos. A amostra, que reproduz a população brasileira, incluiu pessoas com mais de 18 anos de todas as regiões.

Os resultados mostram empregados em período integral são disparados o maior público do consignado, respondendo por 49% das contratações. Aposentados aparecem na segunda posição (12%), seguidos de trabalhadores informais (10%), empregados de meio período (7%) e desempregados em busca de trabalho (5%). Autônomos são 4%.

Apesar disso, os idosos se destacam quando observados o número de empréstimos contratados nos últimos 24 meses: enquanto, em geral, só 27% dos ouvidos alegaram que fizeram mais de um empréstimo no período, essa fatia salta para 42,5% no caso dos idosos.

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Já os valores dos empréstimos consignados são relativamente baixos e de curto prazo. Metade dos entrevistados indicaram créditos de até R$ 3 mil, e 61% citaram pagamentos em menos de 24 meses. Mulheres contratam valores menores que os homens, enquanto consumidores das classes C, D e E buscam mais empréstimos de até R$ 1 mil, mas têm um volume alto de contratos acima de R$ 5 mil.

A pesquisa ainda destacou os principais motivos que levam os consumidores a contratar o empréstimo com desconto em folha. Mulheres indicam mais o motivo pagar dívidas. Já idosos indicam mais cobertura de gastos com saúde. Os jovens indicam mais começar ou investir no seu negócio.

Pagar dívidas (27%)

Reformar ou comprar casa (11%)

Saúde (10%)

Pagar contas de casa (10%)

Começar ou investir no próprio negócio (8%)

Compras no geral (7%)

Pagamento em dia

Além do perfil do consumidor que contrata o consignado, outro dado que surpreendeu os pesquisadores foi que 91% dos ouvidos disseram estar adimplentes, ou seja, com o pagamento em dia, 8% estão na Justiça contestando os contratos. Os mais jovens enfrentam mais problemas para pagar, assim como membros da classe D e E foram os que mais ficaram inadimplentes temporariamente.

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Coordenador do FGVcef, William Eid observa que os resultados indicam que os consumidores enxergam o consignado como um "caminho vantajoso":

– Isso fica nítido quando vemos que 91% deles está adimplente, situação totalmente diferente da população brasileira em geral. Também vemos que o investimento em negócios próprios tem dado frutos muito melhores que os que vemos em outras estatísticas, aqui mais de 30% dos tomadores que começaram negócios dizem já estar colhendo frutos — afirma: — Também acreditávamos que boa parte dos recursos era direcionada para terceiros, principalmente parentes. O levantamento não mostrou isso, ao contrário, a maior parte dos recursos é utilizada pelo próprio tomador.