O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou que o governo Lula está em um processo de aprendizado com o fato da cúpula da instituição ter maioria indicada pela gestão passada. Para ele, esse processo é um teste da autonomia do BC e vai gerar ganhos institucionais.

Em entrevista à Revista Veja, gravada na última segunda-feira e divulgada hoje, ele foi questionado sobre a diferença da atuação do Banco Central nos governos de Lula e Bolsonaro.

— Olha eu acho que a diferença é que é um governo (atual gestão) que não elegeu o corpo diretivo do Banco Central e que está aprendendo a conviver com isso. O Banco Central também está com o governo que não foi o governo que indicou grande parte dos quadros e também está aprendendo a conviver com isso — avaliou. — Eu acho que é um teste da autonomia, um teste importante que vai gerar um ganho institucional — complementa.

Voto no Copom

Campos Neto também falou da sua “surpresa” com a reação de agentes mercado financeiro a seu voto no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Foi nessa reunião que houve o primeiro corte da taxa Selic, de 13,75% para 13,25%.

Houve uma divisão dos oito diretores entre uma redução de 0,50 ponto porcentual e uma redução de 0,25 ponto porcentual. Ele desempatou, ficando com o primeiro grupo.

— Na verdade, eu fiquei surpreso com o mercado ter se surpreendido. Na verdade, a divisão veio do Copom anterior (na reunião de junho, quando houve a sinalização de queda em agosto). Eu estava na metade (grupo de diretores) que entendia que deveria deixar a porta aberta (para a queda de juros) — declarou.