Os suspeitos já foram ouvidos na delegacia e a arma do crime, aparentemente, encontrada. Mas a identidade de “quem matou Odete Roitman” ainda mobiliza o público — e assim será até sexta-feira, quando será revelado o grande mistério de “”, da TV Globo, 36 anos depois de ter parado o Brasil pela primeira vez.

Copacabana Palace se pronuncia

'Indispensável':

A morte de uma das vilãs mais famosas da teledramaturgia nacional, interpretada por na atualização do texto de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères por , foi o assunto da semana. Despertou carnaval fora de época no Rio (o Debora Bloco foi organizado para desfilar ontem, em frente ao edifício que empresta sua fachada à fictícia empresa TCA, no Centro do Rio); e fez um padre dar bronca (“com gratidão, bom humor e fé”) nos fiéis em sua conta no Instagram: onde já se viu pedir oração para personagem de novela?

Por falar em redes sociais, o mistério também predominou nas conversas digitais e deu um boom na novela. Segundo levantamento exclusivo feito para o GLOBO pela empresa de inteligência de dados Timelens, o número de menções sobre “Vale tudo” nos primeiros dez dias de outubro já supera em 42% o total registrado em todo o mês de setembro. Mais da metade delas (54%) são sobre Odete; 36%, relacionadas à morte ou quem cometeu o crime.

“Dentre os cinco suspeitos, os brasileiros apontam para Heleninha e Fátima, ambas com 24%; Celina fica logo atrás com 23%; Marco Aurélio, 15%; e César aparece com apenas 14%”, diz o relatório, indicando também que, desde o capítulo de segunda-feira, 76% das buscas no Google sobre a novela estão relacionadas à morte da empresária.

Se é que ela morreu... A hipótese de que Odete forjou o próprio assassinato apareceu entre telespectadores ouvidos pelo GLOBO. É o desejo de Marina Felfeli, síndica do Chopin (prédio vizinho ao Copacabana Palace, onde Olavinho ficou preso no elevador no dia do crime), que aproveita para ressaltar que nem estava no edifício naquela noite. E é a suspeita também da criminóloga Ilana Casoy.

— Marco Aurélio pode ter forjado essa morte com ela. São dois canalhas — diz a autora do livro “Casos de família”, que rechaça soluções mirabolantes. — Nesse tipo de dramaturgia “quem matou”, você não apresenta informações de última hora, senão estará traindo o telespectador. Não se pode inventar um assassino que ninguém teria descoberto sozinho.

A seguir, os palpites de espectadores para a solução do mistério e o que esperam para seus personagens favoritos.

Ana Paula Xongani | influenciadora digital

“Minha teoria sobre quem matou Odete Roitman está muito formada: foi Heleninha (). Ela escreveu uma carta com elementos importantes a serem lembrados, falava sobre ingratidão e morte como oposto da vida.

Fátima () atira pela primeira vez e erra, pois vimos antes que ela havia acabado de aprender a atirar. Mas Heleninha acerta.

Sou apaixonadíssima pela Consuelo (Belize Pombal) e quero vê-la assumir a TCA. Gosto de como a personagem representa a educação como elemento transformador e como isso se reflete na família dela.”

André Alves | psicanalista e fundador da Floatvibes

“Numa proposta mais clássica, apostaria na Heleninha. Odete a mantém, ao longo da novela, numa posição infantilizada, de submissão emocional. Mas a grande cafajestagem é a mentira sobre quem dirigiu o carro no dia do acidente. Com isso, a empresária transfere o impulso destrutivo que existe em si para a filha e se livra da responsabilidade pelo que aconteceu. O alcoolismo da Heleninha vira um sintoma curioso: é como se toda vez que bebesse acessasse a experiência do acidente. Tem uma parte dessa história que segue pulsando, como se precisasse ser lembrada da verdadeira autoria da batida do carro.

E Heleninha, dificilmente, aprende a odiar. O ódio é fundamental, pelo menos para nós psicanalistas. Sem ele, não colocamos obstáculos a nós mesmos, nos sabotamos. Por meio dele, o bebê consegue se separar da mãe. Assassinar Odete, então, seria um desfecho interessante —ainda que ruim pois é um crime —de fazer essa separação.”

Andressa Cabral | Chef do Yaya comidaria e do Meza bar

“Queria que a assassina fosse a Raquel (). Seria uma reviravolta interessante e traria as mesmas nuances de humanização que deram para a vilã Odete. Vimos uma personagem bastante subtraída como protagonista, então seria um jeito de deixar todas as ‘Raquéis’ vingadas.

Mas, na verdade, preferia que Odete fosse punida com uma vida privada de opulência financeira. Queria vê-la com um uma vida comum, sem muita baunilha.

Gostei muito do Olavinho (Ricardo Teodoro) nesta versão. Começou como um personagem secundário, mas demonstrou muitas camadas. Ele, sim, podia entrar num jatinho e dar uma banana para tudo (em referência à cena clássica do Marco Aurélio da primeira versão, vivido por Reginaldo Faria).”

Bernardo Jeolas | professor de hipismo da Sociedade Hípica Brasileira

“A arma do Marco Aurélio () tinha silenciador, e o tiro dentro da suíte fez barulho. O César () é um medroso, então sobram, como possíveis assassinas, a irmã, a filha e a Fátima. Dessas três, fico com a tia Celina ().

Torço muito para finais legais para os personagens dos dois atores que tiveram aula aqui com a gente na Hípica (que serviu como um dos cenários da trama). Quero ver o André (Breno Ferreira) vivendo bem com a Aldeíde (Karine Telles) e o Tiago (Pedro Waddington) trabalhando com desenho ou tendo isso como hobby. Milionário não precisa trabalhar, né?”

Chico Barney | comentarista de TV

“Estou esperançoso de que essa história dos cinco suspeitos seja só para despistar que o assassino é uma pessoa surpreendente. Tipo o Tiago, que passou um tempo sumido. No meu final, ele escaparia da prisão por ser um descendente da Odete. Uma crítica aos nepobabies! Não ao ator, mas aos Roitman.

Penso também que a trajetória do Olavinho é perfeita para tratar da parte política que faltou nesta adaptação. Ele pode terminar como um político conservador, moralista. Depois de produzir filme pornô, traficar bebê reborn e ser sniper, o próximo passo é se candidatar a deputado.”

Cupertino | do trio musical Os Garotin, que tocará no casamento de Raquel

“Apesar de termos o Zé Pequeno disfarçado de Jarbas (o ator Leandro Firmino, que estrelou “Cidade de Deus”), aposto em Fátima como assassina. Mas quero o bem dela, sou Fatimore (nome que ela dã a seus fãs nas redes).

Essa novela deixou os vilões legais. O Marco Aurélio é puro carisma. Mas gostaria de ver o César se dando mal. Agora, sem Odete, o pior para ele seria ver a Fátima com um bofe mais astral.

E desejo demais que o Eugênio (Luis Salem) se case com o Freitas (Luis Lobianco) e vá viver uma aventura com o dinheiro desviado do Marco Aurélio.”

Diego Nascimento | dono do bar Gato de Botas, bar em Vila Isabel, bairro que é cenário da trama

“Torço para que o assassino seja o Marco Aurélio. Quero vê-lo preso com a Leila (Carolina Dieckmann) pelo crime e roubos na TCA. Com isso, o Bruno será criado pelo Ivan (Renato Góes) e pela Raquel, que também vai cuidar do filho da Fátima.

Gosto muito da dupla César e Fátima e queria vê-los fugir com os R$ 3 bilhões da Odete que ele herdou. Leonardo (Guilherme Magon) podia voltar a falar e, junto com o Afonso (Humberto Carrão) e a Heleninha, assumir a empresa.”

Ilana Casoy | criminóloga

“Descarto o Marco Aurélio porque a arma dele tinha silenciador, mas não o descarto do primeiro tiro. Nenhum roteiro tem acaso. Mas ele pode ter forjado essa morte com ela. São dois canalhas. Se foi armado mesmo, é ela que dará a banana para o Brasil.

No caso de Odete ter sido assassinada, excluo, como criminóloga, Heleninha e Celina, porque elas não têm esse perfil.

Dentro das pistas de fora dos cinco suspeitos, fico com o Estéban (Caco Ciocler), que pode ter matado para livrar Celina de todo mal que ela passa.

Mas adoraria ver esse casal, no fim, namorando num iate, com Celina tirando férias da família Roitman.”

Gil do Vigor | economista e influenciador

“Quando o atirador fez o disparo, houve um grito e não era a voz da Odete. Pareceu muito ser o Freitas. Houve um capítulo em que ele grita na TCA e, comparando os dois timbres, tenho certeza de que o som no hotel era dele. Então o cenário foi esse: Marco Aurélio foi matar a Odete junto com o Freitas. Como ele errou o tiro, o Freitas finalizou o trabalho.

E como eu amo a Raquel e a persistência dela em apostar sempre para conquistar os sonhos. Ela representa, de verdade, a mulher brasileira. Então, o fim da novela vai ser triunfante, do jeitinho que merece: ao lado daqueles que estiveram ao lado dela e também nunca desistiram. Tenho fé de que vai construir uma relação melhor com a Fátima.”

Laura Boaventura Andrade | vencedora do concurso Caldo Maggi da Galinha Azul, sobre a identidade do assassino na novela original

“Para mim, Freitas e Consuelo estão envolvidos, talvez até armaram algum plano com a Odete. No funeral, deu muito na cara! Prestei atenção nesse enterro, como na primeira versão da novela.

Em 1988, quando eu tinha 14 anos e assistia à novela com meu avô, observamos muitos closes na Leila (Cássia Kis), por isso achamos que ela era a assassina e apostamos no nome dela no concurso da televisão. Agora, acho que eles capricharam da mesma forma nesses funcionários da TCA.”

Leandro Guima | criador do podcast ‘Matei Odete’

“Fátima ou Heleninha atiram errado, e quem mata é Celina. Ou Celina atira errado e quem mata é Olavo para defendê-la.

Nesta reta final, queria que o Renato (João Vicente de Castro) deixasse a Tomorrow no comando da Solange (Alice Wegmann) e do Sardinha (Lucas Leto) e fosse morar no meio do mato. Seria o clássico do dono de agência que larga tudo.

Apesar de achar o Freitas mais carismático nesta versão, queria que ele fosse preso para mostrar que os poderosos ficam impunes e quem dá suporte a eles acaba castigado.

Por fim, queria que o Ivan acabasse cedendo de novo às tentações, fazendo algum tipo de manobra na agência de turismo porque essa sede não termina de um dia para a noite.”

Marina Felfeli | síndica do edifício Chopin

“Seria interessante Odete fugir com o César ou outro bofe. Fernanda Montenegro fez isso na novela “Belíssima”, why not? (por que não?)

Adoro a tia Celina e queria que virasse a presidente da TCA. Ela é boa, generosa e merece viver com um amor maravilhoso. Heleninha, agora sem a pressão da mãe, poderia mesmo se curar do abuso do álcool. Boto fé no amor dela com o Renato. Eles podiam acabar nas Ilhas Maldivas!

Já a Fátima devia acabar na miséria, diferentemente da novela passada, quando terminou com o César e aquele príncipe europeu numa época em que trisal nem era moda.”