O ex-presidente Jair Bolsonaro será o protagonista de "Dark Horse", longa-metragem de ficção que começou a ser filmado em outubro, segundo informações da Folha de S. Paulo. O lançamento está previsto para 2026. A direção é assinada pelo cineasta norte-americano Cyrus Nowrasteh, enquanto a produção está a cargo de Eduardo Verástegui, figura de destaque entre conservadores.

A trama é inspirada no texto “Capitão do Povo”, escrito pelo deputado federal Mario Frias (PL-SP), e aposta em um enredo de tom heroico. O ponto de partida do filme é o atentado a faca sofrido por Bolsonaro em 2018, em Juiz de Fora, mas o roteiro vai além e aprofunda o contexto político e familiar do ex-presidente. O autor da facada, personagem inspirado em Adélio Bispo, aparece na obra sob o nome fictício de Aurélio Barba.

A família Bolsonaro tem papel de destaque tanto na narrativa quanto no elenco:

Carlos Bolsonaro será interpretado pelo ator brasileiro Sérgio Barreto, conhecido pelo trabalho em "Oficina do Diabo", da Brasil Paralelo.

Eduardo Bolsonaro será vivido pelo norte-americano Eddie Finlay, que já participou de produções como "Velozes e Furiosos" e "Bad Boys II".

Flávio Bolsonaro será representado por Marcus Ornellas, brasileiro naturalizado mexicano e popular em novelas latino-americanas.

Michelle Bolsonaro e a filha caçula, Laura, também aparecem na história, mas as intérpretes ainda não foram anunciadas. Diversos portais também apontaram o nome de Jim Caviezel, ator conhecido por declarações antivacina e proximidade com grupos conservadores nos EUA, como possível intérprete de Jair Bolsonaro.

Cyrus Nowrasteh já tem experiência com o Brasil: ele escreveu o roteiro de "Jenipapo" (1995) e trabalhou em locações brasileiras nos anos 1990. Em maio, publicou fotos de pesquisa de cenário na divisa entre Rio e Minas, região crucial para a reconstituição do atentado de 2018.

Produção avança em meio a turbulências políticas

As filmagens de "Dark Horse" acontecem em meio a um cenário político conturbado: Bolsonaro teve prisão preventiva decretada no dia 22, acusado de violar a tornozeleira eletrônica e representar risco de fuga. Apesar disso, a produção segue adiante, inclusive com gravações realizadas no Hospital Indianópolis, em São Paulo, no mês passado.

Atualmente, Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a prisão do ex-presidente e de outros cinco condenados no processo da trama golpista, durante audiência de custódia realizada na última quarta-feira. As sessões, que avaliam a legalidade das prisões, ocorreram por videoconferência e foram conduzidas por juízes auxiliares da Corte.

Os condenados já cumprem a pena estabelecida pela Primeira Turma do STF desde terça-feira, quando foi declarado o encerramento do processo para os integrantes do chamado "núcleo crucial" da trama golpista.

A audiência de custódia tem como objetivo analisar a legalidade e a necessidade de continuidade da prisão, sem julgar o mérito da acusação.

O encerramento da ação penal, com início do cumprimento das penas, foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes e confirmado pelos demais ministros da Primeira Turma do STF.