Conhecimento

Enem 2025 registra recorde de inscritos com mais de 60 anos em edição que abordou envelhecimento

Mais de 17 mil pessoas acima de 60 anos estão entre os 4,8 milhões de inscritos no exame deste ano

Agência O Globo - 10/11/2025
Enem 2025 registra recorde de inscritos com mais de 60 anos em edição que abordou envelhecimento

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 registrou o maior número de candidatos com mais de 60 anos desde o início da série histórica. Foram mais de 17 mil inscritos nessa faixa etária, em um universo de 4,8 milhões de participantes. Coincidentemente, o tema da redação deste ano foi “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.

Confira a evolução do número de inscritos com 60 anos ou mais:

2025: 17.192
2024: 9.950
2023: 8.531
2022: 5.900
2021: 6.004
2020: 11.768
2019: 8.259
2018: 8.704
2017: 9.618
2016: 13.018
2015: 10.680
2014: 12.375
2013: 8.781
2012: 6.596
2011: 5.602
2010: 5.054
2009: 4.534

Como texto de apoio, a prova trouxe frases de personalidades como Rita Lee — “A velhice não é doença. É destino” — e Fernanda Montenegro — “A velhice é o tempo em que a vida já foi vivida e, por isso mesmo, pode finalmente ser olhada de frente, sem o pânico do ineditismo”.

Para a antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mirian Goldenberg, a escolha do tema representa um marco na conscientização sobre a invisibilidade dos idosos.

— Eu acho maravilhoso uma prova feita por estudantes, em sua maioria adolescentes, propor um tema sobre envelhecimento — afirma. — Isso mostra como os problemas enfrentados pelos idosos brasileiros estão mais visíveis do que nunca.

Entre os inscritos está a atriz Giovanna Goldfarb, de 61 anos, que em 1999 interpretou a personagem Zefa na primeira versão da novela “Pantanal”. Ela conta que busca se reconciliar com sua "versão" estudante.

— Minha versão aluna merece ser melhor — diz Giovanna. — Meus objetivos são: 1) gabaritar História, Geografia, Literatura e Inglês; 2) tirar 800 na redação; 3) acertar alguma coisa de Matemática e Física; 4) algumas de Biologia e Química; 5) passar na faculdade que pretendo.

Em 1983, Giovanna chegou a ingressar no curso de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas não conseguiu concluir a graduação. Na época, enfrentou um grave problema de dependência química, que a afastou das aulas até um acidente de carro determinar sua saída definitiva.

— Não estudava há mais de 40 anos. Me sinto um museu ambulante na turma do pré-vestibular social que frequento. A gente ri à beça. Me sinto quase da época de Pedro Álvares Cabral! O professor de Geografia mostrou um slide com um vilão destruidor do mundo. Ao final da aula, perguntei: “Tá, mas quem é esse?” Todo mundo conhecia, era da Marvel, menos eu — diverte-se a estudante, que integra o projeto “Mulheres na Escola”, uma iniciativa da Fundação Cecierj e da Secretaria de Estado da Mulher do Rio, voltada ao retorno à educação formal para mulheres a partir de 16 anos ou interessadas em fazer o pré-vestibular.