Cidades
Líder Xukuru-Kariri garante que pequenos produtores não serão retirados agora e terão direito a terra e indenização
Tanawi diz que clima de terror é criado por política eleitoral; ele afirma que o reassentamento será feito pelo Estado e que as famílias receberão nova área e pagamento pelas benfeitorias
O líder indígena Tanawi Kariri em entrevista ao radialista Cláudio André na manhã desta quinta-feira (30), no programa A Notícia da Francês FM que é reproduzido pela Cacique FM tentou reduzir o medo que tomou conta de pequenos agricultores da zona rural de Palmeira dos Índios nas últimas semanas. Segundo ele, ao contrário do que tem sido espalhado politicamente, ninguém vai chegar “tirando o pequeno produtor à força”.
“O que acontece no momento de homologação de um território indígena é o levantamento fundiário. É mapeado quem são os pequenos e quem são os grandes. Os pequenos têm direito ao reassentamento. O Estado tem a responsabilidade de reassentar esses pequenos. Eles recebem outra terra, equivalente ao que ocupam hoje, e ainda recebem o pagamento das benfeitorias”, explicou.
Ele citou que esse reassentamento é uma obrigação que envolve órgãos estaduais e federais, como o Incra e o Iteral, e disse que essa cobrança já está sendo feita. “O presidente Lula me falou pessoalmente que pediu ao governador Paulo Dantas que fizesse um planejamento de reassentamento para os pequenos”, afirmou.
Segundo Tanawi, a proposta das lideranças Xukuru-Kariri é clara: “A gente defende que não seja tirado nenhum pequeno posseiro de boa-fé agora. Que só haja retirada quando o direito dele estiver garantido pelo Estado.”
Ele explicou ainda que valores de indenização não são simbólicos. A avaliação leva em conta casas, cercas, barragens, plantações e outras estruturas existentes no terreno. “Em alguns casos, o valor pago chega a ser maior do que o valor de mercado”, relatou, citando o caso de um pequeno posseiro que “tinha três casas que juntas não valiam R$ 10 mil e saiu satisfeito”.
Também há indenizações programadas já para este ano. Segundo Tanawi, “35 pessoas devem receber agora em novembro e dezembro”, e a Funai já tem mais de 200 levantamentos cadastrados. A estimativa, segundo ele, é que esse número chegue a aproximadamente 150 acordos até abril.
Ele afirma que quem está usando o pequeno agricultor como escudo são os grandes proprietários e a “base política que quer voto”. “Os grandes já estão negociando. Muitos sabem que esse processo é antigo, que não tem mais volta. Quem está criando confusão é só a política.”
SEGURANÇA DAS LIDERANÇAS
Tanawi também falou sobre o clima de ameaça pessoal. Segundo ele, a escalada de intimidação atingiu a ele e à própria família. “Eu fiquei temeroso em alguns momentos, principalmente quando começaram a envolver meus filhos. Isso me desestabiliza. Todo pai vira uma fera pra defender os filhos.”
Ele contou que levou áudios, vídeos, nomes e depoimentos para a Polícia Federal e para o secretário de Segurança Pública do Estado. Disse que agora se sente mais seguro porque, segundo ele, a PF, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança e Direitos Humanos “estão presentes” e monitorando.
Tanawi relatou que está sob acompanhamento do Programa Federal de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, com apoio de uma equipe de Brasília. “A gente tomou a decisão coletiva de não expor os nomes publicamente para não atrapalhar o processo territorial, mas todos serão responsabilizados.”
Para ele, a fase mais tensa já passou. “Agora é pacificação”, afirmou. Mas deixou um recado direto aos pequenos agricultores, especialmente os que estão adoecendo de medo: “Procurem informação verdadeira. Não caiam no pânico eleitoral. A gente está aberto ao diálogo.”
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