A largada de Dilma

26/12/2013

unnamedPolíticos argumentam que a disputa pelo Palácio do Planalto ainda não está na cabeça das pessoas. No Brasil, o Natal do ano anterior ao da eleição não é um momento em que a maioria dos eleitores esteja pensando em quem vai votar lá na frente. Por essa razão, muitos consideram quase inútil analisar o cenário atual. Essa avaliação é correta só em parte. Há um processo em curso. Os pré-candidatos atuam a cada segundo. Querem estar na melhor posição possível quando a lei permitir uma campanha aberta. Além disso, a democracia brasileira já começa a ter alguns parâmetros para comparação. Desde o fim da ditadura militar (1964-1985), dois presidentes disputaram a reeleição. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006. Não é muita coisa, mas ajuda a entender como o eleitor tem se comportado nessas horas. A petista Dilma Rousseff deve ser a terceira a disputar a reeleição. FHC e Lula tiveram sucesso nas suas empreitadas, mas, quando estavam engatando nas campanhas, as coisas não pareciam tão boas para eles. No Natal de 1997, FHC estava com 37% de 'bom' e 'ótimo' no Datafolha. Lula, ainda sofrendo os efeitos do mensalão, registrava meros 28% de aprovação. Ou seja, ambos estavam pior do que Dilma Rousseff hoje, cuja pontuação é de 41%. Tanto FHC como Lula se reelegeram até com alguma facilidade. Pesou a favor do tucano o controle da inflação (1,65% em 1998) e o medo ainda presente entre os brasileiros daquela época de que os preços voltassem a subir. O petista Lula se segurou com o crescimento robusto da economia (4% em 2006) e a inclusão social de milhões de pessoas pobres. Tudo considerado, Dilma está bem na largada. Vai se apresentar como a única habilitada para manter os programas sociais lulistas. É um argumento forte e poderoso. Será suficiente? Saberemos só em 2014.

Vladimir Barros

Vladimir Barros

É advogado militante, formado pela Universidade Federal de Alagoas e pós-graduado em Direito Processual e Docência Superior. Jornalista filiado ao Sindjornal/FENAJ, é membro efetivo da Associação Alagoana de Imprensa (AAI) e da Associação Brasileira de Imprensa; Editor do Jornal Tribuna do Sertão. É também membro da Academia Palmeirense de Letras (Palmeira dos Índios) e fundador da Rádio Cacique FM.