Ismael Pereira “Eleição para prefeito de Arapiraca terá surpresa e MDB está em bola dividida”

Reconhecido um peemedebista histórico desde os tempos de memoráveis campanhas políticas com o"Menestrel das Alagoas" - Teotônio Vilela, e com com os ex-prefeitos Agripino Alexandre, José Barbosade Oliveira e o saudoso, João do Nascimento, o ex-deputado estadual ismael Pereira faz uma análisedo momento político atual em Arapiraca com vistas as eleições deste ano no segundo colégio eleitoraldo Estado.
Ismael Pereira tem uma história política na cidade mais importante do interior do Estado como vereadoem duas legislaturas em um período de 10 anos, presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal edeputado estadual em três legislaturas com uma atuação importante na defesa de inúmeros pleitos de Arapiraca e do estado de Alagoas. è escritor, artista plástico articulista na imprensa de Aracaju e formado em Direito.
Tribuna do Sertão - Como avalia a eleição polarizada em Arapiraca?
Ismael Pereira - Lembrando o insigne poeta lisbonense Fernando Pessoa, há alguns dias passados, em Arapiraca “era tudo nevoeiro”, tudo era disperso, nada era inteiro, nada era certo, sobrestava uma grande dúvida no MDB - quem seria o pré-candidato a prefeito de Arapiraca? Ricardo Pereira Melo, o conhecido deputado Ricardo Nezinho, ou o vice-governador Luciano Barbosa? Mas a dinâmica do tempo e a ágil agulha da “máquina de costura” dos entendimentos encarregaram-se de dirimir a dúvida flutuante, mesmo antes da decisão homologatória por parte dos convencionais da seccional do partido em Arapiraca, tudo foi acordado, passado recibo, selado, carimbado e autenticado. O resto se acerta ao depois.
Com os “óleos sagrados”, o eminente deputado Ricardo Nezinho, de forma peremptória, num incensado acordo entre amigos, decidiu ungir o “sumo pontífice” Luciano Barbosa como seu pré-candidato a prefeito da terra de Manoel André à nossa venusta Arapiraca.
Ainda um tanto atordoado, confesso que não esperava tal desfecho, vez que, jamais passou pela minha cabeça que um acordo entre amigos fosse mais importante para Ricardo Nezinho do que o seu intrínseco amor a terra na qual brotou, e as raízes que o ajudaram a crescer, onde tudo nasceu, onde tudo começou, e a inalienável fidelidade hipotecada aos seus conterrâneos. Tudo isso foi insensatamente ignorado, contrariando a tudo e a todos, inclusive aos mais elementares princípios da lógica, tisnando toda a história escrita ao longo do tempo pela conceituada família Nezinho. Estarrecido, confesso, achei muito estranho e assaz decepcionante. Tenho certeza que sua consciência o fustigará para o resto da vida em face da insana atitude que tomou.
TS - Como o Sr. avalia os demais candidatos a prefeito rotulados como propostas novas ?
Ismael Pereira - Vejo no cenário político de arapiraca uma tri-polarização: Gilvânia, Rogério e Luciano.
Gilvânia, vereadora com quatro mandatos consecutivos, muito atuante e que se nos apresenta como um fato novo na corrida eleitoral rumo ao executivo municipal. Trata-se de uma figura bastante carismática e ecumênica, tem trânsito livre em todas as camadas sociais. Dados mostram que sua rejeição no seio da opinião pública é quase zero, vez que, nada desabona sua ilibada conduta moral - sua ficha é totalmente limpa, limpíssima! O que significa uma valiosa credencial com a qual ela se apresenta ao povo de arapiraca como pré-candidata a prefeita da nossa airosa e abençoada terra de Manoel André.
Eu a avalio como uma recomendável opção.
Rogério Teófilo, prefeito pela primeira vez, tachado de lento, moroso, que age com vagar, mas há quem reconheça que, em 4 anos de governo, Rogério superou em obras os 8 anos de Luciano. E um dado muito importante: ninguém nega a sua probidade, seu zelo, transparência administrativa e sua honestidade no trato da coisa pública, que por sinal, qualidade muito rara hodiernamente no meio político. Sabe-se que tem daqueles que preferem o que roubam, mas faz. Eu particularmente prefiro o que não rouba e faz. Acho oportuno lembrar aqui e agora François-Marie Arouet, o conhecido Voltaire, quando disse:” há duas espécies de ladrão, o ladrão comum e o ladrão político, a diferença que existe entre os dois é que: “o ladrão comum te escolhe para roubar teus bens, enquanto o ladrão político você é quem o escolhe para te roubar.” E como é de boa sabença, a vida é feita de escolhas. Como “todo poder emana do povo”, cabe então ao povo escolher.
Luciano Barbosa, egresso da gloriosa Palmeira dos Índios, é o atual vice-governador de Alagoas, e concomitantemente secretário de estado da educação. Trata-se de um político de carreira bem sucedida, merecedor da mais alta confiança do eminente senador da república, Renan Calheiros.
Governou Arapiraca durante oito anos, quando, com recursos federais, deu andamento as obras do parque Ceci cunha, empreendimento concebido e iniciado pela prefeita Célia Rocha; revitalização do “vale do Perucaba”, que não chegou a ter iniciado o seu projetado centro de convenções; fez algumas intervenções no estádio Coaracy da Mata Fonseca, que está passando por uma substancial reforma na administração Rogério Teófilo, e o anel viário, uma obra com 8 quilômetros de extensão, e com algumas pendências infra estruturais, foi executada com objetivo de desafogar o trânsito de Arapiraca.
TS - Como avalia candidatos "marinheiros de primeira viagem"?
Quem militou na vida pública sabe muito bem que em política tudo pode acontecer. Por mais esdrúxulo que pareça, até boi que não tem asas pode voar. Já vi candidatos pobres deixarem para trás muitos endinheirados, contumazes promitentes compradores de mandato. Com isso quero dizer que, nenhum postulante por ser considerado cristão-novo deve ser subestimado, pois, as vezes um candidato neófito, com os bolsos completamente vazios, mas com as mãos limpas, merecedor de credibilidade no seio do eleitorado, com uma proposta convincente e um discurso empolgante, tem muita chance de disputar, ganhar a eleição e ser conduzido ao poder nos braços do povo. Normalmente esse é o perfil do candidato que tende a não decepcionar, principalmente se ele não forjar um estado de amnésia e esquecer os compromissos assumidos.
TS - Qual a sua avaliação da bancada de Arapiraca na Assembleia Legislativa?
Ao responder esta pergunta acho de bom alvitre ressaltar que Arapiraca já contou com 6 representantes na Assembleia Legislativa do Estado, e, diga-se de passagem, 6 bons representantes, rigorosamente assíduos e atuantes nas lides parlamentares sempre concorridas e nos debates acalorados. Mas, obviamente a implacável esteira do tempo já levou embora essa fase áurea, da qual só nos resta a saudade.
Arapiraca constitui o segundo maior colégio eleitoral do estado, assim sendo, eu não consigo entender o porquê o número de representantes na casa de Tavares Bastos vem encolhendo tanto assim. Como se explica atualmente Arapiraca contar com apenas 3 deputados estaduais?
Arapiraca precisa despertar, rever suas posições políticas e buscar uma forma de se ressignificar, pois não acho justo por exemplo, Arapiraca nunca ter sido contemplada com um filho seu no comando do estado. Nunca sequer foi lembrada pelas lideranças de Alagoas neste sentido, lembram de Arapiraca apenas para usufruir de sua opulência eleitoral, nada mais do que isso. Arapiraca é a segunda economia do estado de alagoas, já tem aproximadamente 250 mil habitantes, e logo estará comemorando o seu primeiro centenário. Acorda, brava gente arapiraquense!!!
TS - Repetiria seu apoio a Rogério Teófilo em 2020 ?
Ismael Pereira - Eu sempre fui e continuo sendo aquela árvore que não nega sombra ao lenhador, é do meu feitio. Embora não tenha sido convidado para fazer parte do governo de Rogério, confesso que isso não me causa nenhum mal estar, até porque eu não o ajudei pensando em cargo, mas sim numa Arapiraca redesenhada, redimensionada... e via no Rogério uma fonte de esperanças. Por isso, resolvi ajudá-lo a chegar ao poder após sofrer duas amargas derrotas.
Mas quero tornar público que nunca me arrependi de ter colaborado para a vitória de Rogério, e sabem porquê? Porque ele me recompensou com a sua probidade administrativa, até que eu me orgulho dele por isso. Para mim seria a pior desgraça se eu apoiasse alguém pensando ser um cidadão de bem, e ele me provasse o contrário, tinha apoiado um corrupto, um ladrão que assaltou os cofres públicos de Arapiraca e por isso fosse intimado a tocar piano na polícia federal, ai eu não me perdoaria nunca! Até porque, passei quase três décadas na seara política, candidatei-me a vereador em Arapiraca numa época que o cargo de vereador não era remunerado, fui deputado estadual por Arapiraca durante três legislaturas seguidas e, graças a Deus sai da vida pública com as minhas mãos vazias, é verdade, mas limpas! Pois entendo que ser honesto não é favor, é acima de tudo um dever do cidadão.
Quero dizer também que nunca guardei mágoa de Rogério Teófilo, até porque não guardo mágoa de ninguém, posso até guardar algumas imagens distorcidas, afinal quem não as guarda, mas mágoa não.
Dentro de mim não há terreno para cultivar mágoa, mágoa eu a lavo todos os dias, até com lágrimas, se preciso for, e a deixo bem branquinha, alva como a candidez do lírio, e dela, da mágoa, eu faço tela, e nela pinto uma rosa, uma rosa sem espinhos. Na atual conjuntura eu não tenho como reeditar meu apoio a Rogério Teófilo, quando o fiz Gilvânia não disputava a prefeitura, mas hoje, como é público e notório, minha nora Gilvânia é pré-candidata a prefeita. Convém salientar que, ela sequer foi lembrada por nenhum dos pré-candidatos, pois não tiveram a dignidade de vislumbrar suas qualidades para ser sua vice prefeita. Foi decidido então que ela iria para a luta majoritária como cabeça de chapa, decisão que passei a dar meu total e irrestrito apoio. Entendo que seria muita incoerência de minha parte subir em outro palanque, até porque somos uma família unida.
TS - Qual a sua avaliação do atual legislativo municipal com relação a década de 70?
Ismael Pereira - Com certeza os atuais vereadores de arapiraca estão produzindo bem mais do que os da minha época (década de 70), até porque o paradigma é outro, as demandas são mais volumosas e diversas, os recursos estruturais colocados à disposição dos pares ajudam muito, e a persecução da processualística das lides parlamentares flui melhor. Basta dizer que naquele tempo a câmara não tinha contabilidade própria, pois não lhe era repassado os duodécimos, tudo era sistematicamente controlado pelo poder executivo. As instalações físicas eram de uma pobreza franciscana, o plenário era composto de apenas um bureau acanhado, onde o presidente tinha assento, e umas desconfortáveis cadeiras de madeira encostadas nas duas paredes laterais onde as duas bancadas se reuniam. Assim era o nosso modestíssimo plenário, onde dava gosto de ver os assíduos e abnegados edis se irmanarem em prol de um só objetivo: tudo por uma Arapiraca melhor. Posso lhes garantir: nunca Arapiraca deveu tanto a tão poucos.
TS - Ricardo Nezinho deixou o cavalo selado passar?
Ismael Pereira - Muita gente esperava, inclusive eu, que o candidato natural do MDB fosse o deputado Ricardo Nezinho, mas ele próprio, por livre, espontânea e unilateral decisão resolveu mudar o curso da história. E para isto bastou um pedido do seu amigo Luciano Barbosa para que ele se curvasse, deixando de lado o que eu acho mais sagrado, o compromisso com as raízes de sua terra e a fidelidade para com seus conterrâneos, fatores que em hipótese alguma devem ser desconsiderados. E quem deveria muito bem entender isso era o doutor Luciano Barbosa, que deveria ter seu apetite já satisfeito, vez que já foi prefeito de arapiraca por duas vezes, e o seu grande amigo Ricardo Nezinho seria por vez primeira prefeito da terra em que nasceu, e o doutor Luciano poderia ajudar ao amigo neste sentido, e não tirá-lo da jogada. Com a devida vênia, data máxima vênia, os dois pisaram feio na bola dividida.
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