Razões de Estado e Capital

23/07/2018
O decano dos jornalistas norte-americanos, Gay Talese, afirmou: “o politicamente correto é tão opressivo e tão ditatorial... é a ideia da (falsa) virtude. E a pior coisa do mundo é a (falsa) virtude. É a justiça desses novos crentes. Caso contrário és um infiel, e deve-se matar o infiel. E tem que se seguir um certo código de conduta e ter uma atitude ortodoxa, sem poder desviar um mínimo”. Dias atrás um dos veículos online da grande mídia publicou: às vezes uma fake news, notícia falsa, é incontornável, mesmo que contrarie o fato real. Ou seja, às vezes, é melhor a mentira que a verdade. Que isso tenha se tornado uma rotina na mídia global é algo óbvio, mas que tenha adquirido conceito normativo é a Pós-verdade, a Pós-História. Mas não se deve ficar surpreso com tais afirmações, elas representam hoje as razões de certos Estados nações, combinadas com as do Grande Capital, do rentismo predador. Em certo sentido o Politicamente Correto é sucedâneo das formulações na Guerra Fria, mesmo que diferente dos argumentos utilizados durante aquele período. Mas ele tem a função de substituir um certo vazio deixado pela chamada Guerra Ideológica da época, arregimentando ativistas de setores médios em função de certas causas, como no politicamente correto, com vistas a preencher um deserto de ideologias que foram determinantes entre 1945 e 1989, no século XX. O professor Viriato Soromenho Marques da universidade de Lisboa diz que Charles de Gaulle, líder da resistência na 2aGuerra Mundial e presidente francês, afirmou que a Guerra Fria, inclusive a ideológica, só podia ser entendida considerando os interesses de Estado da ex-URSS e dos EUA à época. E que para tanto, afirma Viriato, é necessário entender as teses de Carl von Clausewitz em seu clássico Da Guerra, cuja essência está em quatro formulações: 1- Os sujeitos da guerra moderna são os Estados dotados de interesses potencialmente idênticos. 2- A guerra é a continuação da política por outros meios. 3- O objetivo da guerra é a vitória que se atinge quando se impõe a nossa vontade política ao inimigo. 4- A vitória implica, geralmente, a destruição militar do inimigo. Os conceitos de Clausewitz continuam atuais, embora o mundo tenha mudado, até porque a Guerra Fria adquiriu hoje as novas formas da Guerra Híbrida.
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