Alagoas

‘Estou baleado, me acudam’ será lançado na Bienal do Livro em Alagoas, uma obra obrigatória para os apaixonados da cultura alagoana

Cinara Corrêa 01/08/2023
‘Estou baleado, me acudam’ será lançado na Bienal do Livro em Alagoas, uma obra obrigatória para os apaixonados da cultura alagoana
Foto: Repórter Maceió Arquivo Luiz B. Torres Ilustração

O livro ‘Estou baleado, Me acudam’ será lançado no dia 23 de agosto, durante a X Bienal do Livro em Alagoas. É uma obra póstuma do escritor Luiz de Barros Torres, inédita e resgatada do acervo da família. A iniciativa para a publicação partiu do prefeito Marcelo Lima, entusiasta da preservação histórica e cultural do Estado, que trata o lançamento da obra como um marco comemorativo aos 151 anos da Emancipação Política de Quebrangulo.

O livro tem tudo para se tornar um clássico alagoano na categoria romance histórico. A narrativa retrata o messianismo em Alagoas e a complexa relação entre políticos e a sociedade rural do estado em meados do século XX e foi escrito entre os anos de 1980 e início dos anos 1990.

Ambientada nas décadas de 1930 a 1950, a história narra a trajetória do franciscano Antônio Fernandes de Amorim, um religioso, afilhado de padre Cícero, semianalfabeto, que ao retornar a Alagoas, vindo do Ceará, firmou um vilarejo próspero, despertando a ira de muitos coronéis e políticos alagoanos.

Luiz B. Torres envolve o leitor em uma trama construída por personagens pitorescos e indeléveis dentro do contexto histórico dos municípios de Quebrangulo, Batalha e Palmeira dos Índios.

Marcelo Lima, em uma rápida entrevista, conta à TRIBUNA DO SERTÃO o que o levou a lançar a obra neste momento e o que espera a partir do seu lançamento.

Tribuna - O que o motivou à iniciativa de lançar a obra agora?

ML - Sou um grande entusiasta da literatura alagoana. Estou Baleado, me Acudam será o 4° livro lançado durante os meus mandatos como prefeito. Primeiro foi um livro de história "Quebrangulo, Quebrangulo", do Prof. José Maria Tenório, e o segundo, também do mesmo autor, "Quebrangulo, Terra e Gente". O terceiro foi um livro pedagógico sobre o município, escrito por professores da nossa rede de ensino. Este será o 4°, um livro que resgata uma importante obra do escritor quebrangulense Luiz B Torres, e seu vínculo por nascimento com a nossa cidade. Esta obra será um dos marcos da celebração de 151 anos de Quebrangulo.

Tribuna - Desde quando o sr. tomou conhecimento – e leu – essa obra?

ML - Recebi os originais desse livro pelas mãos do filho do autor, Bayron Torres, em 1996. Fiz a leitura e fiquei muito impressionado. Logo, assumi com ele o compromisso de viabilizar a publicação desse romance tão importante para a história de Alagoas e, principalmente, dos municípios de Quebrangulo, Palmeira dos Índios e Batalha. Porém, só agora foi possível realizar este sonho, com a colaboração e autorização de suas filhas Maria Aparecida P. Torres, A, Ariadne P. Torres, Sayonara P. Torres e Jordana Torres Leite.

Tribuna - Quais são as correlações entre a obra e a história de Quebrangulo, Palmeira dos Índios e Batalha?

ML - Esse romance histórico, mescla ficção com fatos reais de moradores e políticos dos três municípios, tentando trazer à tona a complexa relação de poder existente na década de 50 entre a igreja institucional, a igreja rústica, o povo, a política e a elite da época. Ambientada nas décadas de 1930 a 1950, a história narra a trajetória do franciscano Antônio Fernandes de Amorim, um religioso, afilhado de padre Cícero, semianalfabeto, que ao retornar a Alagoas, vindo do Ceará, firmou um vilarejo próspero, despertando a ira de coronéis e políticos dessas cidades, que viam nele um grande cabo eleitoral, cujo seu apoio mudaria as chances de vitória dos candidatos da região. Os conflitos aconteceram principalmente na região de Batalha, não à toa o nome da cidade foi originado dessas disputas, forjadas à bala.

Tribuna - Qual a ligação entre o romance de Luiz B. Torres com a história política, social e religiosa dos municípios citados?

ML - As disputas eleitorais aqui em Alagoas perpassam por essas classes sociais e os personagens do livro são exatamente desse meio, agricultores, donas de casa, servidores públicos, vereadores, deputados, juízes, padres, bispos e até governadores são retratados na obra. Além do mais, a presença do franciscano, que estabelece uma nova forma de viver, intriga a classe dominante que vê nele uma ameaça ao poder que eles detém. A forma que o autor conta esses fatos revela que a realidade da política alagoana, social e religiosa é uma genuína ficção.

Tribuna - Em relação a Graciliano Ramos, natural de Quebrangulo, o Sr tem conhecimento de iniciativas para reforçar o elo entre ele e a cidade natal?

ML - Acabamos de desapropriar a casa onde nasceu Graciliano Ramos, e vamos transferir para o local um projeto social e cultural voltado para as crianças e adolescentes da nossa cidade.
Para finalizar, o prefeito faz um convite para que todos compareçam à Bienal, para conhecer a obra. ‘Faço o convite a todos os alagoanos e turistas que estarão por aqui durante a X Bienal do Livro, que compareçam no estande da loja virtual Quilombada, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, no Jaraguá, em Maceió, dia 13 de agosto, às 16h, para lançamento de Estou Baleado, Me Acudam, de Luiz B. Torres. Uma obra de leitura obrigatória para os apaixonados por história e cultura alagoana’.