As redes sociais oferecem inúmeras oportunidades: conhecer novos lugares, aprender receitas, truques de maquiagem e dicas para a rotina. No entanto, por trás das telas, também se escondem riscos, especialmente quando crianças e adolescentes, movidos pela curiosidade e pelo desejo de novidades, acabam participando de desafios que colocam suas vidas em perigo.

Entenda:

Desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os chamados "jogos perigosos" como um distúrbio comportamental na Classificação Internacional de Doenças (CID). Segundo a entidade, esses desafios apresentam "um padrão de jogatina online ou offline que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física".

Entre 2014 e 2025, ao menos 56 crianças e adolescentes foram vítimas desses desafios.

Um caso recente ocorreu em março deste ano, na cidade de Thurmaston, em Leicestershire, Inglaterra. Segundo a família, a morte de Tiegan teria relação com uma prática chamada “chroming”, que consiste em inalar vapores tóxicos de produtos domésticos, como desodorantes, em busca de um efeito momentâneo. O padrasto, Rob Hopkin, afirmou que não é possível saber se Tiegan já havia praticado isso antes, mas confirmou que ela utilizou ao menos uma lata de desodorante no dia do incidente. O pai da jovem fez um apelo para conscientizar crianças e adolescentes sobre os riscos.

No Brasil, um caso semelhante foi registrado em Pernambuco, também em março. Uma adolescente chegou a ser socorrida, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória a caminho do hospital e não resistiu. O que parecia uma brincadeira fazia parte de um desafio compartilhado nas redes sociais. Segundo relatos da família, que mora em Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco, ela já havia sido alertada sobre o perigo, mas persistiu no hábito.

Em maio, um jovem de 19 anos morreu após participar de um jogo que se tornou desafio nas redes sociais. Ryan Satterthwaite brincava com amigos em Palmerston North, Nova Zelândia, quando, ao ser derrubado, sofreu um grave ferimento na cabeça. Ele foi socorrido, mas não resistiu.

O grupo participava do jogo Run It Straight (corra em linha reta, na tradução livre), que consiste em duas pessoas correndo uma em direção à outra e se chocando, como em uma jogada de rúgbi ou futebol americano. A diferença — e o perigo — é que a brincadeira ocorre sem equipamentos de proteção e sem preparo físico adequado, expondo os participantes a lesões graves.

Outra "trend" perigosa foi o "One Chip Challenge", responsável pela morte de Harris Wolobah, de 14 anos, em Massachusetts, nos Estados Unidos, em setembro de 2023. O desafio consiste em comer uma tortilla feita com algumas das pimentas mais fortes do mundo. Segundo relatório de autópsia divulgado na época, a causa da morte foi parada cardíaca.

Criado pela marca americana Paqui, o produto era atualizado anualmente com diferentes pimentas e tinha uma embalagem em formato de caixão. Desde 2016, quando o desafio foi lançado, passou a atrair principalmente adolescentes.