Ao esquentar os tamborins para atravessar a Marquês de Sapucaí em mais uma apresentação do Salgueiro, terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, no mês que vem, Viviane Araujo repassa em sua cabeça uma história de sucesso consolidada na Passarela do Samba, que completa quatro décadas de inauguração em 2024.

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Vivi coleciona memórias nos seus 15 anos à frente da bateria da Vermelho e Branco. Sem contar as emoções que viveu ali antes mesmo de ocupar esse cobiçado posto, curtindo a folia em família desde criança.

A carioca da Praça Seca, Zona Oeste do Rio, vive uma relação de amor e entrosamento perfeito com os ritmistas da agremiação do Andaraí, na Zona Norte, desde 2008. Foi naquele ano, inclusive, que ela passou um dos sustos que jamais esqueceu no Sambódromo. Logo no início do desfile, a parte de cima de sua fantasia se soltou.

— Um dos perrengues que eu passei foi na minha estreia no Salgueiro. Meu biquíni arrebentou bem onde encaixava. Nisso, eu já estava na Avenida, e a bateria aguardava no primeiro recuo. Meu amigo foi tentar consertar, pegou uma tesoura. Não sei o que ele fez que acabou cortando o dedo. Ao perceber que saiu sangue, na hora eu fiquei apavorada e nervosa. Mas, no fim das contas, ele conseguiu dar um jeito e ficou tudo bem — conta a musa, a Rainha das Rainhas no carnaval carioca.

Rainha das Rainhas, Viviane Araujo fala sobre etarismo

Além do posto no Salgueiro, Vivi é rainha de bateria da Mancha Verde, em São Paulo, há 19 anos, escola que neste carnaval passa pelo Sambódromo do Anhembi na sexta-feira, dia 9 de fevereiro. Tanta experiência somada faz dela uma referência no meio, mas isso não evita o olhar preconceituoso de algumas pessoas em relação a uma mulher de 48 anos que segue brilhando mais do que nunca!

— Essa questão do etarismo na Avenida, por eu ser a mais antiga rainha, vem de uma minoria muito pequena. Um pessoal que diz: "Ah, tá na hora de parar! Ah, já deu, ela tá cansada!...". Diante de milhões de pessoas que me acompanham, vibram e torcem por mim, sempre me apoiando ao longo da minha vida, eu não posso dar ouvidos a essa minoria que fala mal. Mas eu sei que esse preconceito existe — destaca a mãe de Joaquim, de 1 ano e 4 meses, fruto de seu casamento com o empresário Guilherme Militão.

Em 2024 será a segunda vez que Viviane reinará na folia após ter tido seu filho. A maternidade parece ter lhe dado ainda mais força para sambar. Pelo menos foi o que ela entregou no ensaio técnico do Salgueiro, no último domingo. Neste ano, a agremiação tem como enredo "Hutukara", que fala sobre o povo indígena Yanomami.

No embalo da festa de Momo, a modelo e atriz, que já integrou o elenco de novelas como "Império" e "O sétimo guardião", poderá ser vista na TV ainda antes dos desfiles, mas não atuando. Ela será uma das convidadas do especial "Apoteose do Samba’", atração exibida justamente em homenagem aos 40 anos do Sambódromo do Rio e que vai ao ar no dia 3 de fevereiro, na Globo.