Atleta e cadeirante há dez anos, Rita de Cássia Ferreira Alvarenga, de 51 anos, tomou uma atitude drástica neste sábado (29) ao ser ignorada por um ônibus da linha 409, que não parou em um ponto no Centro do Rio, mesmo após seu sinal. Rita, aproveitando o trânsito engarrafado, colocou sua cadeira de rodas no asfalto, ultrapassou o veículo e se posicionou à frente do coletivo, em forma de protesto.

Segundo a atleta, o motorista alegou que não parou porque o equipamento para embarque de pessoas com deficiência estava com defeito. Após alguns minutos, ele desceu do ônibus e tentou acionar o elevador, mas o equipamento continuou sem funcionar. A cena, registrada na Rua do Riachuelo, chamou a atenção de quem passava pelo local.

Rita, que compete em modalidades como arco e flecha, corrida e tênis de cadeira de rodas, precisou esperar por outro ônibus, da linha 410, que chegou pouco depois. Ela relatou ainda ter sido xingada por alguns passageiros do primeiro coletivo.

— Desta vez, perdi cerca de meia hora. Isso acontece sempre, não é a primeira vez que um ônibus passa direto ao me ver numa cadeira de rodas. Já entrei com ações na Justiça por duas vezes. Falta responsabilidade social. É um desrespeito fazer as pessoas passarem por esse constrangimento. Muitas pessoas no coletivo chegaram a me xingar. Estamos quase em 2026 e isso ainda acontece. O transporte precisa melhorar. É um descaso muito grande com quem é cadeirante — desabafou.

O episódio ocorreu quando Rita seguia para o Jardim Botânico, na Zona Sul, onde retiraria o kit de participação em uma corrida marcada para o próximo dia 31. Na prova, atletas cadeirantes vão percorrer 7,5 quilômetros, com largada prevista para o Aterro do Flamengo.

Após o incidente, Rita conseguiu embarcar em outro ônibus e retirou o kit para a competição.

Procurado, o sindicato Rio Ônibus informou que o veículo com problema de manutenção será identificado e recolhido para reparo. O motorista será orientado sobre o ocorrido.