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Caso Cefet: o que se sabe e o que falta ser esclarecido sobre os feminicídios de Allane e Layse

Parentes das vítimas cobram respostas sobre o retorno do atirador ao trabalho e a entrada dele armado na instituição

Agência O Globo - 03/12/2025
Caso Cefet: o que se sabe e o que falta ser esclarecido sobre os feminicídios de Allane e Layse
Caso Cefet: o que se sabe e o que falta ser esclarecido sobre os feminicídios de Allane e Layse - Foto: Reprodução / internet

O servidor público João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves, com histórico de conflitos com mulheres, matou a tiros, na última sexta-feira, duas profissionais dentro do campus do Cefet, no Maracanã, Zona Norte do Rio. O atirador havia retornado ao trabalho após afastamento administrativo. A polícia trata o caso como feminicídio. Registrado como CAC — categoria que reúne colecionadores, atiradores esportivos e caçadores —, ele utilizou uma pistola de uso pessoal e portava dezenas de munições. Após os disparos, tirou a própria vida.

O que se sabe até o momento:

— O autor do ataque foi João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves, servidor do Cefet/RJ.

— Ele chegou à escola na manhã da última sexta-feira e cumprimentou todos normalmente.

— À tarde, dirigiu-se à Diretoria de Ensino do campus do Maracanã e atirou na professora Allane de Souza Pedrotti Matos, de 41 anos, e na psicóloga escolar Layse Costa Pinheiro, de 40 anos.

— Allane foi atingida na cabeça e no ombro. Layse foi baleada na cabeça e no tórax. Ambas foram socorridas e levadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram aos ferimentos.

— João era registrado como CAC e utilizou uma pistola Glock calibre 380, registrada em seu nome. Ele portava dezenas de munições, com relatos de ao menos 50 projéteis em sua mochila.

— Após os disparos, tirou a própria vida.

— A polícia investiga o caso como feminicídio motivado por misoginia, baseando-se em depoimentos que apontam que o servidor não aceitava ser chefiado por mulheres.

— João havia sido afastado do trabalho por 120 dias e retornou após um processo administrativo que não confirmou a acusação feita por ele contra uma colega.

— Familiares e colegas relataram que as vítimas temiam o comportamento agressivo de João com mulheres.

— O campus suspendeu as aulas e decretou cinco dias de luto oficial.

— O Ministério da Educação e o Ministério da Gestão montaram uma força-tarefa para oferecer apoio psicológico a servidores e estudantes.

Pontos que ainda precisam ser esclarecidos:

— Quando João Antônio recebeu o registro de CAC?

— Quem concedeu o registro?

— O registro foi emitido antes ou após ele passar por avaliação médica?

— Quando João Miranda adquiriu e registrou a pistola usada no crime?

— Quais circunstâncias motivaram o crime?