Moradores de diferentes regiões do Rio de Janeiro relataram medo, surpresa e alívio ao receberem de volta celulares apreendidos durante a Operação Rastreio, que realizou a devolução dos aparelhos nesta terça-feira. A vendedora Beatriz Aguiar nunca imaginou que voltaria a segurar o telefone roubado em julho de 2023. Na ocasião, ela estava no carro com a mãe, a irmã e a filha, quando criminosos interceptaram o veículo em Vicente de Carvalho.

— O homem já apontou a arma e mandou a gente descer. Colocaram a arma na minha cabeça só para levar o celular — relata Beatriz.

O aparelho, adquirido por cerca de R$ 4 mil e recém-quitado, foi devolvido à proprietária após quase dois anos. A surpresa veio quando ela recebeu uma ligação da Polícia Civil informando sobre a recuperação do telefone.

— Achei que era trote. Comecei a tremer. Mas pesquisei e vi que estava acontecendo mesmo. Dá uma sensação boa, mas a insegurança continua — confidenciou.

Meses após o primeiro assalto, Beatriz foi novamente vítima de roubo, desta vez durante um arrastão na Avenida Martin Luther King, em outubro de 2023. O segundo aparelho, mais caro, custava pouco mais de R$ 6 mil e ainda não foi localizado.

O celular devolvido está danificado, e Beatriz ainda avalia se irá consertá-lo ou vendê-lo:

— Vou ver o que faço. O importante é que voltou. Agora é torcer para não acontecer de novo.

Assim como Beatriz, cerca de 800 pessoas compareceram nesta terça-feira à Cidade da Polícia para recuperar aparelhos apreendidos pela Polícia Civil. O celular da mãe de Beatriz, no entanto, não foi encontrado.

Entre as vítimas também estava Daiana Felix, acompanhada da filha Alice, de 8 anos. Ela teve o aparelho roubado em 2022.

— Não esperava recuperar o telefone. Fiquei surpresa — afirmou Daiana.

Carlos Eduardo Souza, morador de Vicente de Carvalho, também deixou o local aliviado. Ele havia acabado de comprar um smartphone de R$ 7 mil quando foi assaltado na porta de casa, no ano passado.

— Eu nem cheguei a desbloquear. Estava na caixa. Desci do Uber voltando do shopping e fui abordado por dois homens em uma moto. Fiquei pagando sem usar. Recuperar é gratificante, mas o certo era não ter que passar por isso — lamentou.

Mais de 12 mil celulares já recuperados

A entrega faz parte da Operação Rastreio, principal iniciativa da Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) para combater o mercado ilegal de celulares. Ao todo, 1.600 pessoas foram convocadas para a maior devolução já realizada no estado.

Desde o início da operação, mais de 12,5 mil celulares foram recuperados e cerca de 2.800 devolvidos aos proprietários. Além disso, segundo a polícia, mais de 700 criminosos foram presos, entre assaltantes, furtadores e receptadores.

As vítimas relataram que foram contatadas por ligação ou WhatsApp, utilizando telefones funcionais das delegacias. As devoluções acontecem na Cidade da Polícia, em Niterói, São Gonçalo, na Baixada Fluminense e em municípios do interior.

Durante a cerimônia, o secretário Felipe Cury destacou a importância de registrar ocorrência após o crime:

— Todos vocês aqui foram vítimas. E só foi possível recuperar porque houve o registro. Estamos derrubando o mercado ilegal de celulares — afirmou o secretário, orientando os consumidores a comprar aparelhos apenas em lojas confiáveis, exigir nota fiscal e desconfiar de preços muito abaixo do mercado. — Essas práticas ajudam a enfraquecer a cadeia criminosa.