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Drones da Polícia Civil flagram mais de 70 traficantes armados em torno da casa de chefe do tráfico na Penha

Informação foi revelada por delegado em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro nesta segunda-feira

Agência O Globo - 13/11/2025
Drones da Polícia Civil flagram mais de 70 traficantes armados em torno da casa de chefe do tráfico na Penha
- Foto: Ascom PC

Em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) na última segunda-feira, o delegado Moysés Santana Gomes, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), detalhou o planejamento da megaoperação realizada na Penha em 28 de outubro. Segundo ele, antes da entrada das equipes policiais na região, um monitoramento aéreo com drones foi realizado na comunidade Vila Cruzeiro, flagrando cerca de 70 traficantes armados fazendo a segurança de uma das residências de Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe local e integrante da cúpula do Comando Vermelho.

“Até o início das incursões das forças policiais, já estávamos com monitoramento aéreo, então sabíamos que havia um grupo grande de traficantes posicionados, no início da operação, em frente à casa do Doca. Essa informação, inclusive, consta nos autos. [...] Eram mais de 70, todos armados com fuzis, preparados e concentrados na porta da casa dele”, afirmou o delegado em depoimento.

Foi próximo a esse imóvel que os delegados Bernardo Leal e Marcos Vinicius Cardoso foram baleados — o primeiro foi atingido na perna, e o segundo morreu após ser ferido na cabeça. Bernardo segue internado no Hospital Samaritano da Barra da Tijuca e precisa de doação de qualquer tipo sanguíneo.

A transcrição da declaração de Santana foi encaminhada ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), junto a outros documentos sobre a atuação do Ministério Público na megaoperação. O envio atende a uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, que também requisitou informações ao governo do estado, ao Tribunal de Justiça do Rio e à Defensoria Pública.

Falta de câmeras corporais

Outra informação presente no relatório do MPRJ refere-se ao uso de câmeras corporais pelos policiais. Menos da metade dos integrantes das unidades de elite das polícias Militar e Civil envolvidos na operação utilizava os equipamentos.

No Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), havia 77 câmeras disponíveis para cerca de 215 militares. Já na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), dos 128 agentes que subiram as favelas, apenas 57 utilizavam o equipamento. Por determinação do STF, todos os policiais do Rio de Janeiro devem portar câmeras nos uniformes durante as operações.

No caso da Core, o delegado Fabrício Oliveira, responsável pela coordenadoria, explicou que há 100 câmeras disponíveis para a equipe — número insuficiente para a quantidade de policiais mobilizados —, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, que depende de chave de acesso individual de cada agente.

“Tivemos 57 policiais com câmeras, e 32, segundo a própria empresa, estavam indisponíveis no dia devido a um problema deles”, afirmou o coordenador em depoimento. Segundo ele, a empresa foi acionada para verificar o sistema e um laudo foi produzido apontando a falha.