De um mecanismo que serve para alimentar tilápias à distância a uma que obedece a comandos de voz, alunos do ensino técnico de instituições do Rio de Janeiro mostram que da mente criativa desses jovens podem surgir soluções para problemas reais. Os inventos foram apresentados durante a 5ª Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, realizada no começo do mês, que reuniu em Brasília 400 projetos de 63 instituições de todo o país — cerca de 10% deles de estudantes fluminenses.

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Do Cristo à Rocinha:

O sistema automático de alimentação das tilápias foi criado por um grupo do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Itaguaí, a pedido da prefeitura local. A ideia é resolver um problema prático observado no tanque da Secretaria municipal de Agricultura e Pesca, onde há uma criação da espécie.

O peixe nasce sem sexo definido, mas é possível induzir a formação de machos, mais lucrativos, por meio de uma ração especial com hormônios — que deve ser oferecida de forma contínua por 28 dias, inclusive em fins de semana e feriados.

Aterros do Rio:

— Criamos um sistema para dar conforto aos profissionais da secretaria, que precisavam de uma solução para cuidar dos juvenis de tilápia nos fins de semana e feriados. Desenvolvemos um equipamento que permite esse tipo de tratamento sem a presença de pessoas no local — explica o professor Gilberg Pereira da Silva, de 44 anos, que orienta o grupo.

Feito com sucatas e recicláveis, como tampinhas de garrafas pet, o sistema conta com um interruptor inteligente conectado à internet. Assim, é possível controlar o alimentador à distância, pelo celular, via aplicativos e assistentes de voz. Os alunos recebem estágio certificado pela prefeitura pela participação no projeto.

Lixo de comportamento:

Maca por comando de voz

Outro destaque foi a maca hospitalar ativada por comando de voz, desenvolvida por estudantes da Escola Técnica Henrique Lage, em Niterói, vinculada à Faetec. O invento, voltado para pessoas com mobilidade reduzida, foi selecionado para a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), no Rio Grande do Sul.

— A alegria dos nossos alunos em apresentar seus projetos, que foram escolhidos entre tantos outros, não tem preço. Eles têm a oportunidade de conhecer outros trabalhos, trocar experiências e ver o que está sendo feito em outros estados — diz Alexandre Valle, presidente da Faetec, que levou 15 projetos ao evento.

QUIZ:

Robôs que fazem dancinha e ajudam a curar

O Instituto Federal Fluminense (IFF) de Cabo Frio apresentou um veículo aquático remoto com sensor de ultrassom, câmera subaquática, GPS e sistema de reconhecimento por Inteligência Artificial (IA). Segundo o estudante Yuri Pereira, de 25 anos, o custo do equipamento é de cerca de R$ 700, bem abaixo dos R$ 6 mil cobrados por produtos similares no mercado.

Outros projetos fluminenses chamaram atenção, como o Circuito Verde, do IFF Guarus, em Campos dos Goytacazes, que transforma peças eletrônicas descartadas — como partes de TVs e computadores — em chaveiros, casinhas para animais e terrários. Já a equipe Jaguar, do IFF de Volta Redonda, levou os robôs Marta e Artur, capazes de dançar e auxiliar em sessões de psicoterapia.

A 5ª Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnológica aconteceu na Arena BRB, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro da Educação, Camilo Santana.