Política
Glauber Braga evita cassação e é suspenso por seis meses após agressão a militante
Deputado do PSOL-RJ foi punido por chutar integrante do MBL; suspensão foi aprovada após articulação do governo
Após intensa negociação política, a Câmara dos Deputados decidiu suspender o mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses, em vez de cassá-lo, nesta quarta-feira, 10. A decisão foi aprovada por 318 votos favoráveis, 141 contrários e três abstenções.
Glauber foi acusado de agredir com chutes Gabriel Costenaro, então integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro da Câmara no ano passado. Segundo o parlamentar, a reação ocorreu após Costenaro fazer insinuações sobre sua mãe, a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga, que estava doente e faleceu 22 dias após o episódio.
Durante o período de suspensão, a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ) assumirá a vaga de Glauber na Câmara.
A articulação para substituir a cassação pela suspensão foi liderada pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que buscou consenso entre os parlamentares para evitar a perda definitiva do mandato de Glauber. Lideranças do PSOL relataram desconforto do Centrão em aprovar a cassação.
"Essa é a saída política, responsável, que fortalece o Parlamento", afirmou o deputado Alencar Santana (PT-SP), vice-líder do governo.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) acusou o secretário especial de assuntos parlamentares, André Ceciliano, de oferecer emendas a deputados para barrar a cassação. Hildo Rocha (MDB-MA) rebateu a acusação e ameaçou representar contra Trovão no Conselho de Ética. Ceciliano confirmou ter feito ligações para pedir votos contra a cassação, mas negou oferta de emendas.
Mais cedo, Glauber declarou ao Estadão que sua cassação era certa e atribuiu a articulação política a ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL), Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) e ao presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI). Lira, inconformado com o resultado, foi visto demonstrando insatisfação nos corredores da Câmara após a votação.
Na véspera da decisão, Glauber ocupou a cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), sendo retirado à força pela Polícia Legislativa. Em discurso de 25 minutos, defendeu seu mandato: "Para defender a minha família, eu sou capaz de muito mais. Para defender a minha família, um chute na bunda é nada."
O processo teve desdobramentos ao longo do ano, incluindo uma greve de fome de Glauber em abril, após o Conselho de Ética aprovar sua cassação. A greve durou nove dias e foi encerrada após acordo para que a votação ocorresse apenas no segundo semestre.
Kim Kataguiri (União-SP), do MBL, inicialmente pediu a cassação, questionando: "Se a gente vai normalizar dar um chute em outra pessoa, essa será a nova regra?" Posteriormente, apoiou a suspensão de seis meses.
O Estadão destacou que o relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), já agrediu um jornalista na Câmara em 2001 e não foi punido. Na ocasião, Magalhães, então do PFL, deu um pontapé no jornalista Maneca Muniz, que revidou com um soco, após discussão sobre a exposição de trechos de um livro que denunciava escândalos envolvendo o ex-governador Antônio Carlos Magalhães.
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