Política
Presidente da Amar Brasil silencia em depoimento e é questionado sobre fortuna
Américo Monte Júnior, apontado como 'multimilionário', usou habeas corpus para não responder à maioria das perguntas na CPMI do INSS. Deputados e senadores cobram explicações sobre origem do patrimônio e supostas fraudes.
O presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), Américo Monte Júnior, permaneceu em silêncio diante da maioria das perguntas feitas pelo relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O dirigente respondeu apenas a questionamentos sobre parentesco e posse de bens, informando que seu pai, Américo Monte, é o atual presidente da associação investigada.
Monte Júnior compareceu à CPMI na tarde desta quinta-feira (4) amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento garantia ao depoente o direito de não responder às perguntas da comissão.
Segundo o relator, Monte Júnior recebeu auxílio emergencial entre 2020 e 2021, durante a pandemia, e tornou-se multimilionário em apenas quatro anos. Para Gaspar, o desafio é esclarecer se o enriquecimento se deu "por mérito ou por envolvimento em irregularidades". O deputado também destacou que, conforme a Polícia Federal, o depoente possui vários carros de luxo.
Gaspar apresentou ainda um gráfico que evidencia a ligação entre associações e empresas supostamente contratadas para prestação de serviços. Segundo ele, entidades ligadas a Monte Júnior podem ter recebido mais de R$ 700 milhões, provenientes de fraudes. Para o relator, a Amar Brasil e outras entidades associadas seriam de fachada, criadas para viabilizar descontos fraudulentos em benefícios de aposentados e pensionistas.
Apesar do silêncio, deputados e senadores insistiram em obter esclarecimentos de Américo Monte Júnior.
O senador Sergio Moro (União-PR) questionou o dirigente sobre a atuação da Amar Brasil e suas empresas. Já o deputado Rogério Correia (PT-MG) apontou movimentações financeiras que indicariam a dispersão de recursos oriundos dos descontos fraudulentos, ressaltando que as entidades "não prestavam serviço algum" e acumulavam grandes volumes de dinheiro, posteriormente lavados.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) afirmou que documentos de quebra de sigilo indicam que Américo Monte Júnior controlava diversas associações envolvidas no esquema.
Habeas corpus
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou a concessão de habeas corpus a depoentes convocados pela comissão, considerando a medida um sinal de "desequilíbrio entre os poderes".
Viana lembrou ainda que estava prevista para esta quinta-feira a oitiva do secretário da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares do Brasil (Conafer), Silas da Costa Vaz, que não compareceu por apresentar atestado médico.
Balanço
Em balanço dos trabalhos, Carlos Viana afirmou que "a CPMI não é apenas uma investigação, é um acerto moral de contas do Brasil com a geração que construiu este país". Segundo ele, "essa geração carregou o país nas costas e agora enfrenta o abandono das próprias instituições". O senador ressaltou que "cada fraude encontrada e cada idoso enganado representam uma ruptura do pacto entre o Estado e quem dedicou a vida ao país", e concluiu destacando a coragem da comissão para enfrentar qualquer tema, nome ou pressão.
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