O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um duro discurso contra a violência de gênero nesta terça-feira, 2, emocionando-se em diversos momentos ao abordar casos recentes de mulheres assassinadas e agredidas por homens. Em uma de suas falas, afirmou que "a morte é suave" como punição para um homem que abusou e agrediu uma menina.

As declarações ocorreram durante a cerimônia de ampliação da capacidade operacional na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Lula, que inicialmente falava sobre transição energética, pediu licença para abordar o tema do feminicídio.

O presidente destacou a necessidade de os homens se educarem mutuamente para combater a violência contra as mulheres, ressaltando que "essa não é uma tarefa só da escola, é nossa, dos homens". Emocionado, citou um caso na Bahia envolvendo uma criança de dois anos, vítima de violência, e reforçou que "até a morte é suave" para o agressor.

"É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os 'animais' que batem, judiam e maltratam mulheres, que estupram filhas. Hoje, o Rui Costa me mostrou: uma menina de dois anos foi estuprada pelo amante da avó. Uma criança de dois anos estuprada. E ainda bateu nela. Que pena merece um desgraçado desses? Até a morte é suave", afirmou Lula.

Lula também relatou que sua esposa, Rosângela da Silva, a Janja, chorou diversas vezes nos últimos dias ao assistir reportagens sobre assassinatos e agressões contra mulheres no país. Segundo ele, Janja pediu que ele "assumisse a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher no planeta Terra". O presidente questionou: "O que está acontecendo na cabeça do ser humano para tanta violência?"

O presidente citou ainda outros casos recentes de violência extrema: "Nesta semana, um cara pegou duas pistolas na mão e descarregou em uma mulher. Um outro matou a mulher grávida com três filhos, tocou fogo na casa. Um outro atropelou a mulher e a arrastou por 1 km. Ela vai sobreviver com as duas pernas amputadas. A pergunta que faço é: o Código Penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse? Temos pena para isso?", indagou Lula, referindo-se a crimes chocantes noticiados pela imprensa.

Lula também criticou a desigualdade no sistema penal: "Se o cara tiver dinheiro, como aquele que ficou dando 50 socos na cara da mulher dentro do elevador, ele fica dois anos preso e vai para a rua bater em outra mulher. E um pobre desgraçado que rouba um pão em uma padaria para comer é preso e não tem advogado para defendê-lo, nem juiz para liberá-lo", completou.