Política

Gás do Povo começa a atender famílias ainda este mês, anuncia Ministério do Desenvolvimento Social

Novo programa amplia número de beneficiários e garante recarga gratuita de botijões; benefício será concedido diretamente nas revendedoras

12/11/2025
Gás do Povo começa a atender famílias ainda este mês, anuncia Ministério do Desenvolvimento Social
Uma comissão mista analisa a medida provisória que cria o programa - Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O programa Gás do Povo começará a atender as primeiras famílias ainda neste mês, conforme informou Analúcia Alonso, diretora de Programas do Ministério do Desenvolvimento Social, durante audiência pública. Até março de 2026, todos os beneficiários poderão recarregar gratuitamente os botijões de gás, pagos pelo governo.

O debate ocorreu na comissão mista que analisa a Medida Provisória 1313/25, responsável por criar o programa. A iniciativa substitui o Auxílio Gás dos Brasileiros, que contemplava 5,6 milhões de famílias, e agora deverá alcançar 15,5 milhões de domicílios.

O novo programa beneficiará famílias inscritas no Cadastro Único, com renda de até meio salário mínimo por pessoa (atualmente R$ 759). Quem recebe o Bolsa Família terá prioridade no atendimento.

A principal mudança é que o benefício não será mais pago em dinheiro, mas sim por meio da retirada gratuita do botijão nas revendedoras. Segundo Marcelo Viana Paris, diretor da Caixa Econômica Federal, o beneficiário poderá utilizar qualquer cartão do banco. Quem não tiver conta informará o CPF na maquininha e receberá um código para liberar o produto.

Lenha e carvão
O objetivo, segundo Analúcia Alonso, é combater a pobreza energética — a falta de acesso a formas seguras de energia, como o gás de cozinha. Antes, parte dos beneficiários utilizava o valor do auxílio em outras despesas.

“Os indicadores ainda são alarmantes sobre as pessoas que não conseguem cozinhar com segurança. Isso afeta a saúde de mulheres e crianças, com fuligem e queimaduras”, destacou Alonso.

Marcelo Cavalcanti, superintendente-adjunto da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), informou que 30% da energia usada para cozinhar no Brasil ainda provêm de lenha ou carvão vegetal, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

Preços
Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, avaliou que o programa pode elevar o consumo de gás em 60 milhões de botijões quando estiver plenamente implantado. No entanto, ele ressaltou preocupação com a tabela de preços proposta pelo governo, que diverge dos valores pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

José Luiz Rocha, presidente da Abragás, também defendeu a adoção dos preços da ANP para estimular a adesão das revendedoras, citando que, em alguns estados, os valores do governo estão até R$ 30 abaixo dos praticados no mercado.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), autor da lei que criou o Auxílio Gás e vice-presidente da comissão mista, defendeu que a Medida Provisória 1313/25 seja votada ainda este ano, pois o texto perde a validade em 11 de fevereiro de 2026.