Política

'Meu irmão não é um monstro', diz filha de ex-deputado do PT morto pelo filho a facadas

Yara Frateschi, filha do ex-deputado Paulo Frateschi, defende o irmão e destaca luta do pai pela democracia durante velório em São Paulo

07/11/2025
'Meu irmão não é um monstro', diz filha de ex-deputado do PT morto pelo filho a facadas
Paulo Frateschi - Foto: Reprodução / Instagram

Yara Frateschi, filha mais velha do ex-deputado estadual Paulo Frateschi, fez um apelo emocionado durante o velório do pai, realizado nesta sexta-feira (7), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Ela afirmou que o irmão, autor do ataque que resultou na morte do petista, é um rapaz alegre e afetuoso, que sofre de uma doença psíquica.

“Ele está doente, ele não sabe o que fez. Tem muita maldade circulando. (...) É uma doença psíquica e a gente precisa saber lidar com isso. Ele não é um monstro. Por isso mesmo estamos sofrendo uma dor imensa”, declarou Yara.

Ela relembrou a trajetória do irmão, Francisco, conhecido como Chico: “O Francisco é um menino maravilhoso. O Chico nunca levantou a voz para uma pessoa, ele nunca bateu em uma pessoa. Por onde passou, levou alegria, amor. Ele tinha um carinho imensurável pelo pai. O Chico sofreu um acidente há alguns anos. Ele foi um menino muito machucado, que perdeu os dois irmãos mais novos em acidentes, e ele também sofreu um acidente. Meu pai e a mãe dele cuidaram dele dia e noite. Ele tinha uma gratidão infinita pelos pais.”

O corpo do ex-deputado foi velado na sede da Alesp, na zona sul da capital paulista. A cerimônia foi aberta ao público das 8h às 14h, seguida pelo cortejo até o Cemitério Memorial Parque Jaraguá, onde Frateschi foi sepultado.

“Meu pai foi um lutador, um guerreiro, passou a vida lutando por este país, pela democracia brasileira. Ele merece ser tratado com amor e respeito neste momento”, pediu Yara.

Amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Frateschi tinha 75 anos e uma trajetória marcada por tragédias familiares, incluindo a perda de dois filhos em acidentes de carro, em 2002 e 2003. Ele deixa a esposa Yolanda Maux Vianna, filhas, netos e irmãos.

Professor por formação, Frateschi foi preso e torturado durante a ditadura militar, em 1969. Atuou como vereador e deputado estadual em São Paulo (1983-1987), presidiu o diretório paulista do PT e participou da organização das caravanas do presidente Lula em 2018.

Em entrevista de 2022 ao podcast Casa Rosa, no YouTube, Frateschi relatou que, após deixar a Secretaria Municipal de Relações Governamentais durante o governo de Fernando Haddad, em 2014, passou a atuar mais próximo de Lula. “Eu fui secretário do Haddad. Depois disso, quando veio 14 (2014), terminou ali aquela fase. Eu fui trabalhar mais próximo ao Lula, preparando as caravanas. Eu fiz junto com ele no Instituto (Lula) aqueles apoios todos para manter viva a figura dele”, contou.

Entre 2010 e 2014, ocupou o cargo de Secretário de Organização da Executiva Nacional do PT. Quando Lula deixou a prisão, em 2019, chegou a passar alguns dias na casa de Frateschi em Paraty, no Rio de Janeiro. Em uma das viagens da caravana petista, Frateschi foi atingido por uma pedrada ao tentar proteger o presidente em São Miguel do Oeste (SC).

Figura fundamental na fundação e consolidação do PT, Frateschi também foi secretário de Relações Governamentais na gestão da prefeita Marta Suplicy (2001-2004) e ocupou cargos de direção partidária.

Em nota, o PT lamentou a morte do ex-presidente do diretório paulista: “Durante toda a sua trajetória, nosso companheiro demonstrou coragem, integridade e compromisso com o PT e com a busca de um país mais justo. Paulo Frateschi deixa um legado marcado pela luta pela justiça e pela inclusão. Ele permanecerá vivo em nossos corações e nas ações que ajudou a inspirar”.