O deputado estadual Lucas Diez Bove (PL) tornou-se réu na Justiça de São Paulo após a Corte aceitar denúncia formal por violência doméstica, psicológica e perseguição contra sua ex-esposa, a influenciadora digital Cíntia Chagas. Apesar de o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público (MP) ter sido negado, a Justiça aplicou ao parlamentar uma multa de R$ 50 mil por descumprimento de decisões judiciais anteriores, especialmente por se manifestar publicamente sobre a vítima.

Cíntia Chagas, que possui mais de 7,6 milhões de seguidores nas redes sociais, registrou queixa no ano passado, relatando uma série de abusos físicos e emocionais supostamente cometidos durante o relacionamento de mais de dois anos.

A defesa da influenciadora celebrou o recebimento da denúncia, classificando-o como um "passo fundamental no combate à impunidade". Já os advogados de Bove afirmaram que, a partir de agora, o foco será comprovar a "mendacidade das acusações", prometendo apresentar "provas que evidenciem sua inocência, de forma absoluta".

Segundo a denúncia apresentada pelo MP no mês passado, o deputado teria intimidado Cíntia de maneira reiterada, inclusive "fumando maconha e manuseando arma de fogo diante da vítima, apontando-a como se fosse uma brincadeira". Há ainda relatos de agressões físicas, como beliscões e apertos nos seios da vítima, inclusive na presença de terceiros.

O inquérito policial foi concluído em 15 de setembro e Bove já havia sido indiciado pela polícia em 29 do mesmo mês pelos crimes de perseguição e violência psicológica.

Violação de medidas protetivas

O Ministério Público destacou que o deputado vinha desobedecendo ordens judiciais há cerca de um ano. Inicialmente, Bove fazia postagens indiretas em redes sociais sobre a ex-esposa e o processo. Posteriormente, passou a citar o nome da vítima e o caso abertamente, descumprindo determinação judicial que proibia qualquer menção à ação.

De acordo com o MP, esse comportamento expôs Cíntia Chagas, sugerindo que ela mentia, e incluiu a divulgação de conteúdo que ofendia sua dignidade. Tal conduta teria causado desgaste emocional e revitimização da ex-mulher, "sistematicamente exposta e ridicularizada perante a mídia e a opinião pública".

O órgão também informou ter solicitado providências à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em contrapartida, o Conselho de Ética da Alesp decidiu, em agosto, arquivar a representação que pedia a cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar, baseada nas denúncias da ex-esposa.

Outro lado

Confira a íntegra da nota da defesa do parlamentar:

"O Deputado Lucas Diez Bove, através de seus advogados constituídos, esclarece que felizmente o descabido pedido de prisão acabou indeferido, REAFIRMANDO que agora finalmente poderá comprovar a mendacidade das acusações que lhe foram dirigidas, produzindo provas que evidenciem sua inocência, de forma absoluta.

Não se perca de vista que esse mesmo enredo ocorreu quando a intitulada vítima acusou seu ex-companheiro, o qual acabou inocentado e indenizado porque se constatou que as acusações eram falsas.

Essa defesa não cansará de ressaltar e não se conformar com o vazamento contínuo de informações a respeito do processo, que possui segredo e sigilo judicial, bem como que a intitulada pseudo vítima, Cíntia Maria Chagas, mesmo havendo expressa ordem, continua a desrespeitar e descumprir as suas decisões restritivas, querendo criar suas falsas narrativas."