Política
“PEC da bandidagem”: Renan Filho explode nas redes e chama a atenção para a contradição do MDB em Alagoas
Ministro diz que proposta é “inoportuna e imoral”; ironicamente, dois correligionários alagoanos — Isnaldo Bulhões e Rafael Brito — votaram a favor.
O ministro Renan Filho (MDB) foi às redes com tom duro e direto para reagir à aprovação, em primeiro turno na Câmara, do texto que ficou conhecido popularmente como PEC da Blindagem — ou, nas palavras que já circulam nas redes, a “PEC da bandidagem”. Em mensagem carregada de indignação e ironia, o ministro descreveu a proposta como um verdadeiro convite à impunidade e traçou o cenário: se aprovada, a PEC dificultará — e muito — as investigações contra parlamentares.
“A proposta aprovada ontem na Câmara dos Deputados dificulta investigações contra parlamentares”, afirmou Renan Filho, lembrando o efeito prático do texto: para que um deputado ou senador seja investigado, será necessária a aprovação do plenário, da Câmara ou do Senado — e, se aprovado o dispositivo do voto secreto, sem que o eleitor sequer saiba como votou o seu representante. “É o caminho aberto para a infiltração do crime organizado no Congresso”, disse o ministro, em tom de alerta.
Com ironia cortante, Renan Filho descreveu a consequência lógica do texto: “Se essa PEC passar, até criminosos poderão usar um mandato eletivo como escudo. É o estímulo à compra de uma eleição para escapar de investigação, processo ou prisão.” A fala do ministro, incisiva, concluiu com um apelo partidário: “O MDB, que ajudou a redemocratizar o Brasil, não pode se tornar cúmplice de uma medida que acaba com a transparência e fortalece a impunidade.”
Contradição local
A posição pública do ministro ganha contornos ainda mais tensos quando confrontada com o comportamento de parte da bancada do próprio MDB em Alagoas. Dois deputados federais que integram o núcleo do partido no Estado — Isnaldo Bulhões Jr. e Rafael Brito — constam entre os parlamentares que votaram a favor da PEC na Câmara. A foto do paradoxo é dura: por um lado, o ministro Renan Filho exigindo coerência e propondo que o MDB feche questão contra a proposta; por outro, correligionários emedebistas do Estado aplaudindo ou, ao menos, alinhando-se ao texto que renega a própria tese pública do ministro.
Renan Filho não deixou de registrar a reação interna: o MDB em Alagoas já advertiu publicamente os deputados que se dividiram em torno da PEC. “Essa é a postura correta”, escreveu o ministro, sugerindo que o MDB do Senado siga a mesma linha — votar contra, fechar questão e barrar a tramitação no Plenário da Casa Alta. “No Senado, vamos lutar para derrotar a PEC da blindagem. Essa luta é pelo Brasil, é pela democracia. Conte comigo”, finalizou.
Transparência vs. blindagem
O discurso do ministro centraliza dois pontos claros: o primeiro é o da transparência democrática — o eleitor tem o direito de saber como votou seu representante; o segundo é o da responsabilização — não cabe ao mandato eletivo funcionar como escudo para crimes comuns. Em tom enfático, Renan Filho classificou a proposta como “inoportuna e imoral” e defendeu que o MDB se posicione de maneira firme contra a medida, recordando a história do partido na redemocratização.
O jogo político e suas consequências
A crítica de Renan Filho também é uma advertência interna: partidos que se dividem nesse tipo de tema expõem fissuras que vão além de meras preferências táticas — são fissuras sobre princípios básicos do sistema democrático. No plano prático, se a PEC avançar, o país pode assistir a um aumento da impunidade política e a uma erosão da confiança pública nas instituições.
Por fim, a contradição entre a palavra do ministro e o voto de Isnaldo Bulhões e Rafael Brito coloca em evidência a velha realidade da política brasileira: a diferença entre o discurso nacional e os interesses e pressões locais. Se o MDB nacional se mobilizar como Renan Filho propõe, caberá às lideranças alagoanas recalibrar suas atitudes — ou arcar com o custo político de contradizer publicamente a posição do chefe do partido no Estado.
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