Política

Pesquisa Quaest: o que explica a queda da aprovação de Lula

Levantamento divulgado nesta quarta-feira aponta piora em percepção dos entrevistados sobre a economia e a expectativa sobre o futuro

Agência O Globo - GLOBO 25/10/2023
Pesquisa Quaest: o que explica a queda da aprovação de Lula
Lula - Foto: Reprodução

Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta queda de quatro pontos na avaliação do governo Lula (PT), em comparação com o levantamento realizado há dois meses. Os dados indicam que 38% avaliam o governo positivamente — ante 42% em agosto —, enquanto as avaliações negativas subiram de 24% para 29% no mesmo intervalo. Em publicação na rede social X (antigo Twitter), Felipe Nunes, diretor do instituto, argumentou que a baixa na aprovação do governo pode ser explicada pela piora na avaliação econômica e a continuidade da polarização no país.

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Segundo a pesquisa, 32% avaliam que a economia brasileira piorou no período, um salto de nove pontos em relação ao percentual medido em agosto. Já o índice dos que consideram que a economia melhorou se manteve estável, em 33%.

“Eleitores dos dois lados vivem realidades paralelas: 57% dos Lulistas achando que a economia melhorou, 56% dos bolsonaristas achando que piorou. É o Brasil que, mesmo depois de 1 ano, continua polarizado”, escreveu Nunes na rede social.

O diretor da Quaest aponta que a piora na avaliação econômica devido a percepção da maioria que as contas de água, luz e telefone aumentaram no último mês, além do entendimento que o preço dos alimentos e dos combustíveis também subiu recentemente.

“Para completar o quadro, a expectativa sobre o futuro também deu uma piorada (caiu 9 pontos que acha que vai melhorar), embora a maioria continue otimista (50%). O pessimismo vem ancorado na expectativa que a inflação e o desemprego vão aumentar nos próximos meses”, complementou Nunes.

Notícias positivas e negativas

Outro ponto destacado por Nunes é a percepção de que notícias positivas sobre o governo não conseguem se destacar em relação às negativas. A pesquisa aponta que 36% avaliam ter ouvido mais notícias negativas do que positivas sobre o governo, um crescimento de 3 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, enquanto o percentual que afirma ouvir mais notícias positivas caiu de 38% para 34%.

Nunes aponta que no noticiário positivo “se destacam políticas sociais que já são marcas do PT (Bolsa Família, MCMV, aumento do salário mínimo e o Desenrola), além da postura do Brasil no conflito Hamas/Israel”.

Enquanto no negativo encontram-se “temas da última campanha como corrupção, relação com a Venezuela, pautas de moral e costumes; mas também encontramos novos temas como o excesso de viagens e a posição do país em relação ao conflito em Israel”.

Outro tema que captou a atenção dos entrevistados, segundo a pesquisa, as enchentes na região Sul despertaram avaliações divididas sobre a atuação do governo federal. Para 43% dos entrevistados, o governo forneceu ajuda "no tempo certo" às áreas atingidas; outros 42% consideraram que houve demora na ajuda.

As percepções são inversamente proporcionais entre eleitores de Lula e de Bolsonaro, em um retrato da resiliência da polarização eleitoral de 2022. No grupo de entrevistados que disse ter votado em Lula, 67% consideram que a ajuda do governo veio no tempo certo, enquanto 21% avaliam que houve demora. Entre os eleitores bolsonaristas, 22% disseram que a ajuda ocorreu no tempo certo, e 62% responderam que houve demora.

A Quaest fez 2 mil entrevistas presenciais entre os dias 19 e 22 de outubro, com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados do país. A margem de erro é de 2,2 pontos.