Política
Moraes cita 'ataque à democracia' pela 'extrema direita' e ironiza: 'Comunismo dá ibope, né?'; vídeo
Ministro do STF discursou em evento no TCE-SP e também falou sobre os processos de impeachment de Collor e Dilma, defendendo que os partidos 'jogaram a regra do jogo constitucional'
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes esteve presente nesta sexta-feira em um evento promovido pelo Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) e discursou sobre o que chamou de "ataque à democracia" por representantes da extrema direita ao redor do mundo. Ao longo da fala, o magistrado citou como exemplo a narrativa da "ameaça comunista" — frequentemente utilizada por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados — e seu impacto no eleitorado brasileiro.
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— Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo. O 1% que sabe, sabe que não existe mais comunismo. A China é comunista, mas é mais capitalista do que nós. O Putin é o rei do comunismo? (Quando) você fala em comunismo, principalmente pessoas mais velhas, é um negócio... (Quando perguntadas) por que são contra tal coisa, (respondem): "Porque vão instalar o comunismo no Brasil" — disse Moraes.
Em suas considerações sobre o poder das redes sociais e a capacidade delas de disseminarem desinformação em larga escala, o ministro destacou a radicalização do discurso político e comparou o funcionamento dos algoritmos dessas redes a uma "lavagem cerebral".
— A pessoa que consulta algo, que lê e se interessa por determinado ponto passa a ser bombardeada por aquelas notícias que ela se interessa só que com o viés que interessa a quem está compartilhando. Esse é o grande problema. É uma verdadeira lavagem cerebral. O algoritmo percebe o viés de interesse seu e a partir disso ele induz informações políticas. E coloca uma série de informações verdadeiras que constroem uma narrativa e uma conclusão falsa — explicou o magistrado.
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Em seguida, Moraes explicitou consequências da radicalização de narrativas e atribuiu a esse cenário o "retorno do discurso de ódio".
— E se cria uma narrativa, e vão se criando aquelas bolhas. Essas bolhas vão sendo alimentadas, conquistadas e fanatizadas. E aí surge, como surgiu no mundo todo, o retorno do discurso de ódio. "Quem não concorda comigo não é mais meu adversário, passou a ser meu inimigo. Um inimigo a ser abatido, extirpado" — concluiu.
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Durante o discurso, Moraes mencionou ainda os ataques golpistas de 8 de janeiro, tratados como mais um capítulo de "ameaça à democracia". O magistrado ressaltou a força das instituições brasileiras e exaltou o dia 5 de outubro, em referência à data da promulgação da Constituição Federal, que completou 35 anos nesta quinta-feira.
— Recentemente, o Brasil sofreu ataques à democracia. Não só o Brasil. A fórmula de ataque à democracia, que surgiu na extrema direita norte-americana, e foi aplicada primeiro na Hungria, Polônia, Turquia... Uma tentativa na Itália, na Espanha, em outros países na América Latina e no Brasil — enumerou Moraes, antes de prosseguir:
— E as instituições brasileiras souberam responder. Tivemos eleições, tivemos posse, tivemos o dia 8 (de janeiro) e estamos aqui no dia 6 de outubro na democracia e no Estado de Direito graças ao fortalecimento institucional que foi realizado em 5 de outubro e esse crescimento institucional de órgãos de Estado, órgãos de governo.
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O ministro do STF também teceu comentários sobre os processos de impeachment dos ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff. Ele defendeu que, em ambos os casos, os partidos "jogaram a regra do jogo constitucional".
— O Brasil superou dois impeachments. Um de um presidente à direita e outro de uma presidente à esquerda, sem sair das regras do jogo. Se nós somarmos nesses dois procedimentos, os mandados de segurança do STF, são mais de cem. Ou seja, todos os partidos, de esquerda e de direita, jogaram a regra do jogo constitucional: as impugnações perante o Supremo Tribunal Federal. (...) Nos dois casos, esse procedimento gerou o afastamento e os vices assumiram, governaram e nós tivemos eleições subsequentes — analisou.
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