Política
Conselheiro acusado de chamar presidente do TCE-AM de 'vadia' é corregedor do órgão: 'Sou a única mulher no tribunal'
Segundo a conselheira Yara Lins, Ari Moutinho teria feito as agressões pouco antes de perder eleição para o comando do órgão
A presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, denunciou ter sofrido agressão verbal pelo também conselheiro Ari Moutinho em sessão nesta terça-feira, quando foi eleita para comandar o colegiado. Segundo ela, o caso foi registrado nesta sexta-feira na Delegacia Geral do Amazonas e será reportado também à Ouvidoria da corte e investigado pela Corregedoria interna, comandada pelo mesmo conselheiro que a teria atacado.
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Em coletiva de imprensa convocada nesta sexta-feira, na sede da Delegacia Geral do Amazonas, a conselheira disse ter sido chamada de "vadia" e "safada" pelo colega durante sessão plenária. Ela ainda afirma que ele teria ameaçado prejudicá-la profissionalmente. O GLOBO procurou o gabinete do conselheiro Ari Moutinho, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
Ao GLOBO, ela explicou que o conselheiro era um dos postulantes à presidência do TCE amazonense na eleição desta terça-feira, e teria chegado "aborrecido" na sessão por suposta dificuldade para se eleger. Ainda segundo Yara, as agressões teriam ocorrido logo antes da votação, quando foi cumprimentar o colega.
Ari Moutinho foi indicado para a corte de contas em 2008, pelo então governador Eduardo Braga (MDB), hoje senador pelo estado. Conselheira de carreira, Yara ocupa uma cadeira no tribunal desde 1989, atuando dentro da área de auditoria. Ela afirma que, em mais de quatro décadas no órgão, nunca viveu situação similar.
— Tenho 47 anos de tribunal e já passei por muitas coisas, mas essa foi a primeira vez em que fui agredida — diz. — Eu sou a única mulher. Tenho que dar o exemplo para que as mulheres denunciem os agressores. Eu não fiz a denúncia como conselheira, e sim como mulher.
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A conselheira informou que registrou o caso na Delegacia Geral do Amazonas como injúria e ameaça, e que levou a denúncia também à Ouvidoria-Geral da Mulher do Tribunal de Justiça do Amazonas. Na segunda-feira, vai entrar com representação na Ouvidoria do próprio TCE, e a investigação deve ser conduzida pela Corregedoria-Geral do órgão, comandada pelo conselheiro Ari Moutinho. Ela explica que, nesse caso, o regimento permite que o andamento seja acompanhado pelo decano do colegiado, o conselheiro Julio Pinheiro.
Filho da conselheira, o deputado federal Fausto Santos Jr. (União-AM) usou sua conta nas redes sociais para repudiar o ocorrido. Na publicação, feita na tarde desta sexta-feira, ele afirmou que "é repugnante ouvir da boca do conselheiro Ari Moutinho palavras tão baixas e de tanto desrespeito" dirigidas a Yara:
"Me faltam palavras para descrever tudo o que passamos diante de tamanha covardia. Não desejo a nenhum filho o sentimento de indignação e revolta que eu e minha família estamos vivendo".
Em nota, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas afirmou que não recebeu "qualquer comunicação ou solicitação referente ao assunto ocorrido", nem teria sido informado da coletiva de imprensa concedida pela conselheira, nesta sexta-feira. O tribunal informou ainda que possui canais para comunicar irregularidades e desvios de conduta com tratamento diferenciado a temas relacionados às mulheres.
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