Política
Valdemar diz que candidatura de Salles 'nunca foi discutida', e deputado cogita ir à Justiça para deixar PL
Em reunião fechada com presidente do PL, Bolsonaro decidiu que vai indicar vice do prefeito Ricardo Nunes em março ou abril
Uma semana depois de o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) ressuscitar os planos de concorrer à prefeitura de São Paulo, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, afirmou ao GLOBO que a candidatura do parlamentar “nunca foi discutida no partido”. Agora, o ex-ministro do Meio Ambiente busca alternativas para continuar a empreitada.
Valdemar se reuniu com Jair Bolsonaro e o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten nesta quarta-feira, em Brasília, na sede do PL. Na reunião, ficou decidido que Bolsonaro indicará a vice do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, em março ou abril do ano que vem, de acordo com Wajngarten. O ex-secretário disse ao GLOBO que Bolsonaro teria pedido a Valdemar para não especular mais nomes de vice — como fez com Marta Suplicy e Milton Leite. Ele também cobrou do chefe do Executivo paulistano mais gestos ao bolsonarismo.
Com a reunião, o presidente do PL jogou pá de cal nas pretensões eleitorais de Salles. Ao GLOBO, Valdemar não falou em “veto” à candidatura, mas negou a existência de qualquer projeto eleitoral.
— Nunca foi discutida a candidatura dele (Ricardo Salles) no partido — disse Valdemar.
Antes de sentar-se à mesa com o dirigente do PL e Wajngarten, Bolsonaro se encontrou com Salles para discutir a candidatura. Participaram da conversa os deputados federais Mario Frias (PL-RJ), Ubiratan Sanderson (PL-RS) e Rodolfo Nogueira (PL-MS). Salles teria ouvido de Bolsonaro para não deixar a legenda, e que ele tentaria construir uma solução para sua empreitada eleitoral junto a Valdemar, segundo um interlocutor. Para isso, foi aconselhado a baixar a artilharia contra o cacique.
Desde que viu sua pré-candidatura naufragar, Salles não tem poupado críticas a Valdemar. No sábado, por exemplo, compartilhou uma reportagem sobre o eventual apoio de Valdemar à indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) e escreveu: “Está no DNA, não adianta…”. Em outra ocasião, ao comentar a possível aliança entre PT e PL nas eleições municipais, afirmou que o centrão não tem freio ideológico, “apenas circunstancial em torno de espaços, verbas, cargos e emendas”.
A conversa com o ex-presidente foi lida por correligionários do ex-ministro como uma garantia de que concorrer contra Nunes não colocaria Salles e Bolsonaro de lados opostos. O maior constrangimento para Bolsonaro seria no caso de selar uma aliança com o prefeito de São Paulo e se ver obrigado a subir em seu palanque — o que impossibilitaria o ex-presidente de apoiar seu ex-ministro formalmente.
Aliados de Salles atribuem a sua volta ao jogo ao “último grão de areia na ampulheta” dada a Nunes para que ele se convertesse num candidato do bolsonarismo. Passados cinco meses do abandono do projeto eleitoral, o ex-ministro viu o prefeito de São Paulo em idas e vindas na relação com o ex-presidente, cuja aliança ficou na fase do "noivado", mas não chegou ainda ao "casamento".
Salles pode acionar TSE
Salles, que havia recebido sinal verde de Bolsonaro na semana passada para retomar o projeto, estuda três alternativas, de acordo com um aliado. Uma delas é negociar com Valdemar, por intermédio de Bolsonaro, uma carta de anuência para o deputado deixar o partido sem perder o mandato.
O principal argumento de Salles, o quinto deputado mais votado do país em 2022 (640,9 mil votos), é que sua eleição expressiva contribuiu com mais de mais de uma vaga para o PL de acordo com o quociente eleitoral — isto é, o partido estaria em débito com ele.
Outra seria encenar uma expulsão, por um pretexto combinado previamente, o que também permitiria ao deputado manter sua vaga na Câmara. Por fim, o ex-ministro estuda um rompimento mais radical, caso Valdemar recuse expurgá-lo do PL: levar o caso à Justiça Eleitoral. Essa opção é vista como a menos provável.
Mal-estar com Nunes
A reunião entre Valdemar e Bolsonaro ajudou a colocar panos quentes sobre o mal-estar que paira entre Nunes e apoiadores do ex-presidente. O prefeito de São Paulo tem sido criticado por esconder o apoio de Bolsonaro na pré-campanha. O próprio Wajngarten foi às redes sociais e escreveu, em indireta ao prefeito, que "ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante". A fala ocorreu após Nunes dizer que "não tem proximidade com Bolsonaro" assim como não tem com o presidente Lula, em fala considerada infeliz por aliados próximos
Para minimizar as rusgas, Nunes tem buscado se aproximar mais do entorno do ex-presidente. No dia da greve que paralisou trens e metrô em São Paulo contra os planos de privatização do governo estadual, ele recebeu o principal deputado bolsonarista da Alesp — e aliado de Salles —, Gil Diniz (PL), em seu gabinete no Palácio do Anhangabaú.
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