Política
‘Eichmann brasileiro’: ao defender vereador de SP alvo de cassação, advogado o compara a nazista julgado em Nuremberg
Defensor afirmou que o tenente-coronel nazista Adolf Eichmann não teve um julgamento, mas um pré-julgamento, assim como o que o vereador Camilo Cristófaro estaria recebendo na Câmara Municipal de SP
Ao defender o vereador Camilo Cristófaro (Avante) durante a sessão que decide sobre a perda de mandato do parlamentar por uma fala racista, o advogado Ronaldo Alves de Andrade comparou seu cliente a Adolf Eichmann, tenente-coronel nazista responsável pela deportação de judeus europeus para campos de concentração. A sessão, marcada por protestos e discussões acaloradas, ocorre nesta terça-feira (19).
Em sua fala na tribuna ele afirmou que Cristófaro está sendo alvo de um julgamento "injusto" porque os partidos fecharam questão previamente para votar pela cassação, e portanto os vereadores não teriam liberdade de julgar conforme seus próprios entendimentos, sob pena de expulsão das siglas. E disse que seu cliente estaria recebendo um "pré-julgamento", assim como Eichmann.
— Terminou a 2ª Guerra, Adolf Eichmann veio para a Argentina, e aí a Mossad, polícia secreta de Israel, mandou sequestrar esse oficial levando-o para julgamento em Israel. É evidente que o julgamento só poderia ser um, enforcamento de Adolf Eichmann. Não poderia haver julgamento imparcial, ele não estava sendo julgado por julgadores não-imparciais. Eichmann não foi julgado, foi pré-julgado. E todas as manifestações que vi até agora aqui foram de pré-julgamento, os julgadores nem sabem o que estão julgando, porque não foram lidas as peças, a denúncia, a defesa, os testemunhos, a doutrina sobre preconceito e racismo estrutural. Como vossas excelências têm como julgar? Com base em quê? Não foi dada aos senhores a oportunidade de efetivamente analisar a prova existente nos autos, o que se viu aqui foram manifestações contra o racismo, às quais eu adiro. Mas o que se espera de um julgador é isenção, que ele efetivamente análise a atitude que está sendo julgada — falou o defensor.
Em outro momento, o advogado destacou que está com o rapper Djonga ao citar a frase "fogo nos racistas", mas disse que não se pode "retirar do contexto uma frase infeliz e taxar isso de racismo". Ele disse que a fala de Cristófaro foi "infeliz", mas não racista, e pediu uma pena alternativa para o vereador que não a perda de mandato.
— Foi infeliz? Foi infeliz. Fosse outro vereador que não fosse tão ativo, tão polêmico, com vontade de falar tudo o que lhe vem à mente, talvez não estivesse nessa situação de ser pré-julgado. Mas tirar do contexto em que foram proferida essas palavras, colocar isso num contexto de racismo, de preconceito, não cabe a nenhum tipo de julgador — seguiu.
A fala do advogado ainda chegou a ser interrompida quando ele citou o vereador Adilson Amadeu (União), a quem chamou de "brincalhão". Neste momento, Amadeu subiu à tribuna e foi até o defensor, e os dois se aproximaram de forma agressiva, até que foram separados por demais vereadores e seguranças. O presidente da Casa, o vereador Milton Leite (União), pediu desculpas e pediu que um agente da Guarda Civil Metropolitana garantisse a segurança do advogado.
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