Política
'Racismo reverso': bolsonarista pede cassação de Renato Freitas após deputado ter chamado Zanin de 'branco privilegiado'
Ricardo Arruda (PL) representou contra petista no Conselho de Ética da Assembleia do Paraná; parlamentares também acionaram o STF por suposta injúria racial
O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) se tornou alvo do quarto pedido de cassação da sua carreira, após ter criticado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin. Em entrevista à Band Paraná há duas semanas, o petista repercutiu as decisões recentes do magistrado na Corte e se referiu a ele como um "branco privilegiado".
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Diante desta fala, que foi acompanhada por outros políticos do PT, Freitas virou alvo de políticos bolsonaristas. No STF, o deputado estadual Tito Barichello e o federal Reinhold Stephanes apresentaram uma notícia crime.
Uma semana após a atitude judicial, o principal adversário de Freitas na Casa, Ricardo Arruda (PL) ingressou com uma representação no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, alegando "racismo reverso" e suposta injúria racial.
"O representado (Renato Freitas) teria ofendido a vítima em razão da cor da sua pele, como se o fato de o Ministro Cristiano Zanin ser ‘branco’ fosse uma característica depreciativa, o que não pode ser admitido ou tolerado", afirma o texto de Arruda.
O termo "racismo reverso" não tem relevância jurídica. De modo geral, começou a ser usado nos Estados Unidos em 1970 e, no geral, serve para atacar políticas que visam minimizar as diferenças raciais, ao mesmo tempo em que brancos se posicionam como vítimas incorretamente. Sobre os acionamentos contra ele, Renato Freitas afirma serem absurdos:
— Estamos sendo perseguidos e criminalizados dizendo que eu fui racista contra Zanin — disse Freitas.
Críticas a Zanin
Como o GLOBO noticiou, as primeiras três semanas de atuação de Cristiano Zanin no STF se tornou alvo de críticas de parlamentares da base de apoio do governo. Na ocasião, o magistrado havia votado contra a descriminalização da maconha e a equiparação das ofensas contra LGBTQIA+ à injúria racial.
Além de Freitas, outros deputados teceram críticas ao ministro e aumentaram a pressão para que Lula (PT) indique um nome progressista para a vaga da ministra Rosa Weber, que deixa o Supremo no início de outubro quando completa 75 anos.
Ao GLOBO, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) afirmou que presença de ministros como Zanin no STF impede que o Judiciário legisle sobre questões que o Congresso Nacional é omisso. A parlamentar se refere a questões como o casamento LGBTQIA+, reconhecido pela Corte em 2011.
— Zanin tem se mostrado alinhado com a perspectiva do antigo governo, Jair Bolsonaro, uma vez que desconsidera em seus votos os grupos historicamente violentados no Brasil e que são carentes de uma legislação judiciária mais progressista. Esses votos mostram que ele endossa e defende a sociedade como ela hoje está: extremamente desigual para grupos alijados — disse Duda.
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