Política
Lira bate o martelo sobre CPIs: manipulação de jogos deve ganhar fôlego, enquanto MST e Americanas pode ser encerradas
Relatório da comissão que investiga os sem-terra sequer tem apoio para aprovação
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve bater o martelo nesta terça-feira em relação ao futuro de três das quatro CPIs que estão em funcionamento na Casa. Enquanto a expectativa é de que o colegiado que apura manipulações em jogos do futebol brasileiro tenha o seu prazo de execução ampliado em até 60 dias, as CPIs das Americanas e do MST não devem ganhar o direito à prorrogação.
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Com seus prazos de execução próximos do fim, as duas comissões devem concluir seus trabalhos até quinta-feira, apesar das críticas de parlamentares da base e da oposição que, por motivos diversos, acreditam que as apurações também deveriam ser ampliadas.
Sem ter ouvido o presidente da CBF, Ednaldo Santos, a CPI da Manipulação de Resultado em Partidas de Futebol espera ainda colher o depoimento no próximo dia 20, por meio de um convite — como Ednaldo está fora do Brasil, acompanhando os jogos da Seleção, não pôde ir à Câmara nesta segunda. Confiante na prorrogação do prazo, o presidente do colegiado, Julio Arcoverde (PP-PI), alinhavou um acordo para que Ednaldo Santos compareça de forma espontânea, sem que seja necessária uma convocação.
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O depoimento dele é considerado o mais aguardado pela CPI e tido como fundamental para a redação de um relatório final. Ednaldo deve ser questionado em relação a um depoimento dado na última semana por um representante da empresa Sports Radar, que presta serviços à CBF. De acordo com o interrogado, a consultoria teria passado à Confederação indícios de suspeitas de manipulação em resultados nos últimos anos. A expectativa é de que o presidente aponte quais foram as atitudes tomadas sobre o tema.
Por outro lado, a CPI do MST, que chegou a ser vista como principal flanco de potencial constrangimento ao governo, deve terminar nesta quinta sem grandes revelações sobre a atuação de políticos da base com invasões irregulares do Movimento Sem Terra.
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Com a entrada de partidos de Centro no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, partidos como o Republicanos, União Brasil e PP — o partido de Lira —, retiraram seus parlamentares oposicionistas do colegiado, deixando com que a maioria das cadeiras fosse ocupada por nomes que não incomodavam os governistas. Nem mesmo o relatório final da CPI, que será lido nesta semana, tem a garantia de aprovação em plenário.
O texto, de autoria do relator, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), pedirá o indiciamento de lideranças locais do MST e até mesmo de parlamentares petistas. Diante da incerteza de sucesso, há um racha até mesmo entre os bolsonaristas do colegiado: enquanto alguns acreditam ser necessária a redação de um relatório que criminalize o MST, outros acham que um texto tido como "radical", que possa ser rejeitado em plenário, pode significar uma derrota para os oposicionistas e, por isso, pedem menos indiciamentos.
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Diante de tantos reveses, os ruralistas já se mostram mais dispostos a centrar seus esforços nos diálogos com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para acelerar a tramitação do Marco Temporal das Terras Indígenas.
Já a CPI das Americanas, que em seu relatório final, feito pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), afirma "não ser possível identificar de forma precisa os autores da fraude contábil bilionária" e pede alterações na legislação fiscal, também não deve contar com a ampliação dos trabalhos. De acordo com o presidente do colegiado, Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), o pedido sequer será apresentado a Lira.
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Outro fato se somou ao relatório, que já era alvo de contestações de deputados da base e também de opositores, por não identificar culpados: uma carta endereçada à CPI assinada pelo ex-CEO das Americanas, Miguel Gutierrez, sugere o conhecimento de uma fraude contábil por parte dos acionistas majoritários da empresa.
O presidente da CPI, entretanto, argumenta que a carta de Gutierrez só ocorreu após apresentação do relatório final com o intuito de "tumultuar o ambiente" e que, por isso, o colegiado não deve levá-la em consideração. Completa a lista de CPIs da Câmara, a das Pirâmides Financeiras. Esta, no entanto, por ter sido iniciada depois, ainda tem prazo para a execução dos trabalhos.
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