Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que ao menos 128 presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de autoridades estrangeiras durante seu mandato deveriam ter sido devolvidos à União. Desse número, de acordo com a Corte de Contas, 17 são itens de valor comercial. A análise foi feita por técnicos do órgão por solicitação da deputada Luciana Cavalcante (PSOL-SP).

O relatório do tribunal aponta ainda que Bolsonaro recebeu um total de 9.158 presentes de origens diversas durante seu mandato. Desse montante, 295 vieram de autoridades estrangeiras, sendo que 240 ficaram com Bolsonaro e apenas 55 foram entregues ao patrimônio da União.

Dos que ficaram com Bolsonaro, TCU entende que 128 deveriam ter ido para o acervo da União por não terem característica de natureza personalíssima (111 dos itens) e por terem alto valor comercial (17).

O TCU constatou ainda que há presentes recebidos pelo ex-presidente que não foram registrados no Diretoria de Documentação Histórica, órgão ligado à Presidência da República. “Essas constatações são decorrentes de deficiências existentes no processo de trabalho correlato ao recebimento e à incorporação desses bens”, diz o relatório.

O tribunal determinou à Presidência da República uma reavaliação de todos os presentes recebidos durante o mandato de Bolsonaro que foram para o seu acervo privado.

A auditoria propõe ainda que o TCU determine que a Presidência da República instaure procedimento administrativo para identificar e localizar outros possíveis bens ofertados a Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, parentes do ex-presidente ou a quaisquer outras pessoas ou agentes públicos que tenham feito parte de comitiva presidencial ou representado o país em eventos oficiais no Brasil ou no exterior.

O GLOBO revelou no dia 4 de agosto e-mails do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, negociando um relógio da marca Rolex recebido em uma viagem oficial. O presente tinha sido recebido em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, juntamente com um conjunto de joias, composto também por um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.