O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, criticou nesta quarta-feira a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que reduz penas para condenados pelo 8 de janeiro e pela trama golpista. Segundo Boulos, a decisão sobre vetar ou não o projeto, caso seja aprovado pelo Senado, é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas destacou que Lula é contrário à chamada dosimetria.

— A decisão sobre vetar o projeto (se for aprovado no Senado) é do presidente, mas logicamente o presidente é contrário, não apoia esse tipo de manobra — afirmou Boulos. O ministro esteve na Câmara nesta quarta-feira para participar de uma audiência pública sobre o fim da escala 6x1, pauta que defende, além de uma sessão da comissão especial que discute o tema.

A presença de Boulos no Congresso marca a entrada formal do Planalto nas negociações após o impasse provocado pelo relatório do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que frustrou a expectativa de extinguir o 6x1.

Boulos também criticou o que classificou como truculência contra o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), seu correligionário, que na véspera foi retirado à força da cadeira da presidência da Câmara. Glauber ocupava o posto como forma de protesto contra a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar sua cassação para esta quarta-feira. O parlamentar do PSOL e deputados aliados foram retirados do plenário pela Polícia Legislativa.

— Ontem foram dados sinais muito ruins pelo Congresso. Além dessa atitude truculenta em relação ao Glauber e ao parlamento de maneira geral, à imprensa de maneira geral, houve a aprovação da dosimetria, da redução de pena para criminosos, incluindo Jair Bolsonaro, num acordão do qual não fizemos parte. O governo não fez parte, a esquerda não fez parte. Repudiamos esse acordo que levou à votação da dosimetria. Essa não é a pauta do povo brasileiro — declarou Boulos.

O ministro também se solidarizou com jornalistas que foram agredidos durante o episódio. A Câmara impediu o trabalho de profissionais de imprensa que cobriam a tentativa de Glauber de obstruir os trabalhos da Casa.

Policiais legislativos expulsaram repórteres do plenário e das galerias para evitar registros do momento em que o parlamentar era retirado da cadeira. No instante em que os policiais se preparavam para retirar Glauber à força, os sinais da TV Câmara foram cortados e a programação, interrompida.

Enquanto o deputado era retirado do plenário pela Polícia Legislativa, profissionais de imprensa foram empurrados no Salão Verde por policiais.