O deputado Aécio Neves (MG) assumiu nesta quinta-feira a presidência nacional do PSDB e, durante a cerimônia, afirmou que o partido pode apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso ele se lance à Presidência em 2026. No entanto, Aécio ressaltou que esse apoio só ocorrerá se Tarcísio "não for apenas o candidato de Bolsonaro".

"Se Tarcísio for apenas o candidato de Bolsonaro, não o apoiaremos", afirmou o parlamentar, deixando claro que as negociações ainda estão em curso e que a decisão dependerá dos próximos movimentos do governador paulista.

A sinalização de Aécio pode isolar outros nomes da direita que buscam o apoio de partidos de centro para viabilizar suas candidaturas, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e até mesmo o recém-filiado tucano Ciro Gomes (CE), que ainda não descartou uma possível candidatura no próximo ano.

Apesar da ressalva em relação ao vínculo entre Tarcísio e Bolsonaro, o evento de posse contou com a presença de lideranças bolsonaristas. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, e o líder de Bolsonaro na Casa, Sóstenes Cavalcante (ambos do PL do Rio), discursaram ao lado de Aécio, destacando a admiração mútua e fazendo críticas ao PT.

"Eu aprendi a fazer oposição vendo o PSDB atuar contra os petistas, admirava Fernando Henrique e os posicionamentos do partido", declarou Sóstenes, sendo aplaudido por Aécio.

Na presidência do partido, Aécio voltou a criticar gestões petistas e afirmou ter sido "injustiçado" pela Operação Lava Jato. Ele reforçou o objetivo de eleger 30 deputados federais e "recolocar o PSDB no tabuleiro político" em 2026.

"Eu e outros companheiros fomos injustiçados nos últimos anos. Seguimos firmes no propósito de combater os desmandos das gestões petistas e nos manteremos contra os extremos, a polarização que tomou conta do nosso país", afirmou o novo presidente tucano.

Presente ao evento, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou que "o fortalecimento do PSDB é o fortalecimento do debate saudável no Congresso". A presença de bolsonaristas, contudo, gerou certo desconforto: logo após seus discursos, um vídeo institucional do PSDB foi exibido em um telão, com um narrador afirmando que o país está cansado da polarização política.

Enquanto o texto era lido, imagens dos deputados Nikolas Ferreira e Eduardo Bolsonaro em embates com petistas foram mostradas. Os presentes evitaram comentar a exibição.