Rebeca Ramagem, esposa do deputado federal Alexandre Ramagem, publicou neste domingo um vídeo em que mostra sua chegada aos Estados Unidos ao lado das filhas para reencontrar o marido, atualmente foragido da Justiça. Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, foi condenado por envolvimento na trama golpista investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No vídeo, Rebeca relata que a decisão de deixar o Brasil foi tomada para manter a família unida. "Há uma semana, desembarquei com minhas filhas nos EUA com um único propósito: proteger a minha família! A proteção das nossas filhas é e sempre será a nossa prioridade. Hoje, infelizmente, não encontramos no país a garantia de uma justiça imparcial. Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana. Ainda assim, seguimos firmes. Somos fortes, capazes e prontos para ressignificar nossa história. Iniciamos agora uma nova jornada — e, como sempre, seguiremos unidos!", escreveu.

Com trajetória marcada por diferentes funções públicas, Rebeca Ramagem já atuou como procuradora e delegada em Roraima, além de exercer a advocacia, inclusive representando o próprio marido em ações no STF. Em seu perfil no Instagram, ela se apresenta como "mãe de duas princesas" e realiza postagens em defesa da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, além de críticas ao governo Lula.

Rebeca também participou ativamente da campanha de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024, quando o ex-diretor da Abin concorreu contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD). "A entrada dele na política veio com o meu apoio, portanto, me sinto muito confortável em seguir nessa campanha ao seu lado. Acredito nos propósitos dele. Apesar de não ter papel formal na campanha, faço as agendas de rua, porque considero que seja um aprendizado", afirmou Rebeca ao jornal O Globo durante o período eleitoral.

Em 2020, Rebeca mantinha um perfil no Twitter que foi excluído após a divulgação de postagens em que pedia o impeachment do então governador de São Paulo, João Doria, e criticava o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Outras publicações demonstravam apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a hashtag #jejumpeloBrasil, em referência a um jejum religioso convocado por Bolsonaro durante a pandemia.

Alexandre Ramagem foi condenado pelo STF em setembro a 16 anos e um mês de prisão, no âmbito da ação penal referente à tentativa de golpe. O parlamentar, atualmente licenciado do cargo para tratamento de saúde, encontra-se em Miami. Sua saída do país não foi comunicada às autoridades brasileiras. A Polícia Federal investiga se Ramagem cruzou a fronteira de carro a partir de Boa Vista (RR) e, do exterior, seguiu para os Estados Unidos.

Na decisão que decretou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro neste sábado, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que Ramagem e os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP) "também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com objetivo de se furtar à aplicação da lei penal". Eduardo Bolsonaro vive atualmente nos Estados Unidos, em autoexílio, e atua em lobby junto ao governo americano para tentar obter sanções contra autoridades brasileiras. Já Carla Zambelli está detida na Itália e aguarda extradição para o Brasil.