Poder e Governo

Líder do PT acusa governo de ser 'vítima de furto com abuso de confiança' após alterações no PL Antifacção

Lindbergh Farias critica decisão de relator ao equiparar integrantes de facções criminosas a terroristas

Agência O Globo - 10/11/2025
Líder do PT acusa governo de ser 'vítima de furto com abuso de confiança' após alterações no PL Antifacção
Lindbergh Farias - Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo foi vítima de "furto com abuso de confiança" após as mudanças promovidas no PL Antifacção pelo relator, Guilherme Derrite (PP-SP), deputado federal e secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo. A declaração foi dada em entrevista à Folha de S. Paulo e reiterada em publicação no X (antigo Twitter) na tarde deste domingo.

No post, Lindbergh cita a definição do crime no Código Penal, que ocorre quando alguém se aproveita de uma relação de confiança para subtrair um bem material. "Foi exatamente isso que fizeram com o presidente Lula: subtraíram a autoria e o espírito do PL Antifacção, projeto elaborado pelo Ministério da Justiça para fortalecer o combate às facções, endurecer as penas, bloquear bens e criar o Banco Nacional de Facções Criminosas", escreveu o parlamentar.

Lindbergh também destacou que Derrite integra o secretariado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem classificou como "pré-candidato à presidência". Segundo ele, Derrite "furtou o texto do governo e o contaminou politicamente, transferindo-o para dentro da Lei Antiterrorismo e criando uma 'equiparação funcional' entre facções e terrorismo, algo que o próprio projeto original evitava expressamente".

O petista ainda alertou que as mudanças no texto ameaçam a soberania nacional ao "abrir brecha para a aplicação automática de tratados internacionais de combate ao terrorismo, o que pode gerar sanções financeiras, congelamento de bens e cooperação policial estrangeira".

Em resposta, o deputado Capitão Motta afirmou, também pelo X, que o relatório apresentado por Derrite mantém pontos sugeridos pelo governo federal e endurece as penas contra facções criminosas. Ressaltou ainda que a segurança pública é uma "pauta suprapartidária e uma urgência nacional", e garantiu que trabalhará para que a Câmara aprove o projeto ainda neste ano. "O plenário é soberano e o debate será amplo, transparente e democrático", concluiu.