Internacional
Plano terrorista contra show de Taylor Swift na Áustria reproduz método de 'jihadistas do TikTok' do EI
Grupo extremista islâmico ampliou o recrutamento de jovens e adolescentes entre 13 e 19 anos, segundo pesquisador britânico
Menos de 24 horas após a polícia da Áustria prender um jovem de 19 anos e um adolescente de 17, suspeitos de planejar um atentado terrorista contra um show da cantora americana Taylor Swift em Viena, as autoridades austríacas anunciaram que o maior de idade confessou fazer parte do Estado Islâmico (EI). A organização terrorista, que ganhou notoriedade principalmente no início da Guerra da Síria, continua operando em solo europeu — segundo analistas, com foco sobretudo no recrutamento de adolescentes e jovens, utilizando as redes sociais.
Teoria 'Swifter': Silhueta em foto de show faz fãs de Taylor Swift acreditarem em apoio da artista a Kamala Harris
"O plano de ataque aparentemente frustrado aos concertos [de Taylor Swift] em Viena faz parte de um desenvolvimento que afeta toda a Europa. Quase despercebido pelo público, os ataques e planos de ataque jihadistas aumentaram dramaticamente nos últimos dez meses", escreveu o professor de Estudos de Segurança Peter Neumann, do King's College de Londres, em uma breve análise publicada no em sua conta na rede social X. "O cancelamento dos concertos de Taylor Swift em Viena não é um caso isolado, mas parte de um fenômeno maior".
Autor de um estudo que analisou ações terroristas em solo europeu, Neumann mapeou 27 ataques ou planos frustrados antes da concretização relacionados ao EI, desde outubro. De um total de 58 suspeitos, 38 tinham idade entre 13 e 19 anos, o que representa quase dois terços dos "terroristas".
Ainda de acordo com Neumann, os casos que ele investigou mostram uma forte ligação com o uso da internet, um método que o EI já usou para recrutar fiéis no exterior no passado. Entretanto, o momento atual teria fortalecido esta dinâmica nas redes sociais, criando uma rede de aliciamento maior que a “onda Síria”, há dez anos.
"Eu os chamo de 'jihadistas do TikTok', embora não seja apenas o TikTok. Mas com sua base de usuários jovens, alcança rápido crescimento e modelo de conteúdo fortemente orientado por algoritmos", explicou Neumann. "Exemplos não faltam. O suíço Houij A., de 15 anos, que esfaqueou um judeu ortodoxo na rua de Zurique no dia 2 de março, jurou lealdade ao EI em um vídeo. Ou a célula virtual na Renânia do Norte-Vestfália, Baden-Württemberg e Suíça, que consistia em jovens de 15 e 16 anos -- incluindo duas meninas -- , e aparentemente planejava um ataque em Iserlohn [Alemanha]".
Embora no caso austríaco, que levou ao cancelamento de três concertos da turnê The Eras Tour no país, apenas um dos detidos tenha confessado que jurou lealdade ao Estado Islâmico, a idade dele e do outro suspeito — bem como de um terceiro, adolescente, de 15 anos, coincide com o perfil traçado pelo professor da universidade britânica.
Franz Ruf, chefe de segurança pública na Áustria, em uma entrevista coletiva na quinta-feira, disse que o suspeito confessou os planos logo após ser preso, dando à polícia uma visão detalhada do que pretendia fazer. Ele disse que conheceu o grupo on-line e que decidiu jurar lealdade. Revistando a casa onde ele morava com os pais, a polícia encontrou facões, facas e explosivos, que deveriam ser usados para matar o máximo de participantes do show possível.
O adolescente de 17 anos detido em Viena foi contratado por uma empresa terceirizada que prestaria serviços ao estádio durante o show de quinta-feira, disse Omar Haijawi-Pirchner, diretor do Serviço de Inteligência austríaco (DSN). O jovem estava na área do "estádio quando foi preso". Um menor de idade de 15 anos também foi detido temporariamente, mas autoridades disseram que ele apenas sabia do plano, mas não fazia parte dele.
Gerhard Karner, ministro do interior da Áustria, disse que “a situação era séria”, observando que o país está em um nível elevado de resposta ao terrorismo desde o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, contra o sul de Israel.
— O perigo do extremismo islâmico na Europa aumentou significativamente após o terrível ataque terrorista do Hamas em Israel — disse ele.
Concertos têm sido alvos de ataques em outros lugares da Europa nos últimos anos. Em 2015, três homens armados atacaram uma casa de shows em Paris, matando mais de 90 pessoas e ferindo centenas. Em 2017, um atentado suicida em um show de Ariana Grande em Manchester, na Inglaterra, matou 22 pessoas. E em março, quatro homens atacaram uma casa de shows em Moscou, matando mais de 100. Todos os três ataques foram realizados por homens que foram inspirados ou tinham ligação direta com o Estado Islâmico. (Com AFP e NYT)
Mais lidas
-
1DEFESA E TECNOLOGIA
Caça russo Su-35S é apontado como o mais eficiente do mundo, afirma Rostec
-
2VIDA PROFISSIONAL
Despedida de William Bonner: dicas de Harvard para equilibrar trabalho e vida pessoal
-
3COMUNICAÇÃO
TV Asa Branca Alagoas amplia cobertura e passa a operar também via parabólica em Banda KU
-
4TV E ENTRETENIMENTO
'Altas Horas' recebe Ludmilla e Arnaldo Antunes neste sábado
-
5CONCURSO
Paulo Dantas anuncia 11 mil vagas no maior concurso público da história de Alagoas