Internacional
Pelo menos 90 pessoas são presas no Reino Unido após onda de protestos da extrema direita terminar em confrontos
País não via uma explosão de violência similar desde 2011; mobilização ocorre após rumores sobre a suposta nacionalidade e religião do agressor que matou três meninas ter sido compartilhada nas redes sociais por influenciadores da ultradireita
Pelo menos 90 pessoas foram presas no Reino Unido em meio a uma onda de protestos violentos incentivados pela extrema direita na região. Os distúrbios, por vezes direcionados contra mesquitas ou locais de alojamento para migrantes que solicitam asilo, começaram depois que influenciadores da ultradireita espalharam rumores nas redes sociais sobre a suposta nacionalidade e religião do agressor que matou três meninas de 7 a 9 anos na última segunda-feira.
Ataque em aula de dança no Reino Unido: Jovem de 17 anos é acusado pela morte de três meninas
No sábado, as manifestações organizadas em várias cidades terminaram com confrontos entre manifestantes e policiais, bem como com grupos de contramanifestantes mobilizados por associações antirracistas. Autoridades da região afirmaram que vários policiais ficaram feridos. Quase 100 pessoas foram detidas até o momento, sendo pelo menos 23 em Liverpool, 20 em Hull, 20 em Blackpool e 14 em Bristol.
Este é o terceiro dia de violência após manifestantes tomarem as ruas de Sunderland na sexta-feira. Tijolos, cadeiras e garrafas foram lançados contra policiais; mesquitas foram atacadas, e uma delegacia de polícia, além de outras instalações comunitárias em todo o país, incluindo uma biblioteca, foram incendiadas – e um projétil foi lançado contra o caminhão dos bombeiros direcionado ao local para conter o fogo.
O país não via uma explosão de violência similar desde 2011, quando o jovem mestiço Mark Duggan foi assassinado pela polícia de Londres. Um mês após assumir o poder, o governo trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer enfrenta a sua primeira crise. Ele agora tenta convencer o país de que é capaz de conter as ações violentas. O tema é sensível para ele, já que durante sua campanha os conservadores o acusaram de ser brando com questões de segurança e imigração.
Desde segunda-feira, quando um adolescente invadiu uma aula de dança e esfaqueou as crianças que estavam no local, mobilizações tomaram conta do país – e Starmer buscou multiplicar mensagens de firmeza e garantias de apoio às forças policiais contra o que descreve como o “ódio da extrema direita”. No sábado, após uma reunião de emergência com seus principais ministros, ele advertiu que apoiaria a polícia para que tomasse “todas as medidas necessárias para manter as ruas seguras”.
Questionada sobre a possibilidade de recorrer ao Exército, a ministra encarregada da polícia, Diana Johnson, assegurou neste domingo à rede britânica BBC que as forças “têm todos os recursos necessários”. O chefe assistente de polícia Alex Goss classificou o comportamento dos manifestantes como “deplorável” e afirmou que o impacto da desordem será “devastador”, mas que os agentes de segurança estão “fazendo de tudo para prender os envolvidos e levá-los à Justiça”.
Nas manifestações, organizadas sob o lema “Enough is enough” (Já é o suficiente), os participantes gritam slogans anti-imigração e islamofóbicos enquanto bandeiras britânicas são agitadas. Embora as condenações à violência sejam unânimes, com o passar dos dias, começam a surgir críticas contra o governo. A ex-ministra conservadora do Interior, Priti Patel, disse que o governo “corre o risco de parecer arrastado pelos acontecimentos em vez de manter o controle”.
“Nas últimas duas semanas, sob os trabalhistas, tivemos ataques com faca contra pessoas inocentes, brigas de rua com facões, distúrbios e violência em manifestações”, afirmou nas redes sociais o partido conservador e anti-imigração Reform UK, acusando o Partido Trabalhista de ser “brando com os criminosos”.
Onda de desinformação
Em meio aos violentos protestos, um juiz do Reino Unido decidiu divulgar o nome do suspeito de ser responsável pelo assassinato das três crianças – um menor de idade que, segundo a legislação local, só poderia ter a identidade revelada depois de fazer 18 anos. A decisão, considerada “excepcional”, foi uma tentativa de conter a onda de desinformação desencadeada após as mortes.
Na decisão, anunciada na quinta-feira, o juiz Andrew Menary disse que “continuar a impedir a divulgação completa [de notícias] neste momento tem a desvantagem de permitir que outros espalhem desinformação”. O magistrado destacou que se tratava de uma decisão “excepcional”, mas que “a balança claramente pende em favor do interesse público em permitir a divulgação completa desses procedimentos”. O pedido para a divulgação do nome foi feito por veículos de imprensa britânicos.
Na segunda-feira, o agora publicamente identificado Axel Muganwa Rudakubana, de 17 anos e nascido no Reino Unido, invadiu uma aula de dança na cidade de Southport, onde havia crianças de 6 a 11 anos, e esfaqueou quem viu pela frente. Duas meninas, Bebe King, de 6 anos, e Elsie Dot Stancombe, de 7, morreram no mesmo dia, enquanto a terceira, Alice da Silva Aguiar, de 9 anos, morreu na manhã de terça-feira. Outras oito crianças ficaram feridas, cinco em estado grave. Dois adultos que tentaram protege-las também precisaram de atendimento médico.
O ataque comoveu o Reino Unido: ao redor do país, houve homenagens e memoriais às vítimas. Fãs britânicos da cantora americana Taylor Swift fizeram uma vaquinha que levantou mais de £340 mil (R$ 2,49 milhões), e a cantora disse que as as vítimas “eram apenas crianças em uma aula de dança” e que estava “completamente sem palavras” para expressar suas condolências. (Com AFP)
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